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Durante a pandemia de covid, muitos cuidados eletivos com a saúde precisaram ser adiados, inclusive as visitas ao odontólogo. Passaram-se dois anos e muitos pacientes não retornaram aos consultórios, seja por esquecimento ou até questões financeiras. E a falta dessa rotina de saúde bucal pode atrasar, inclusive, o diagnóstico de doenças em outras partes do corpo que se manifestam na boca.
Segundo a professora de Odontologia da UniRitter, Karine Duarte da Silva, uma visita anual é o ideal para a maioria das pessoas. “Depende muito do paciente, se existe uma condição específica já diagnosticada, que requer controle, pode ser recomendada a consulta a cada três ou seis meses”, justifica.
Não são apenas cáries, gengivites e outras condições bucais que podem ser diagnosticadas nas visitas ao dentista. Várias doenças sistêmicas se manifestam na boca, seja através de halitose – o famoso mau-hálito –, feridas ou secura. “Mesmo o câncer bucal não começa com uma ferida grande e bem definida, ele tem seus primeiros sinais, e o diagnóstico precoce é crucial para a recuperação do paciente”, alerta Karine. Além disso, diabetes, anemia, doenças autoimunes ou problemas renais, hepáticos e gastrointestinais são condições que costumam ser identificadas pelo odontólogo.
Uma das doenças que mais acometem a população brasileira – junto com a hipertensão –, a diabetes é frequentemente diagnosticada a partir de consultas odontológicas. “A gente observa pouca salivação, que é um fator que inclusive favorece cáries, e o paciente relata secura, que sente muita sede. Este é um quadro que leva o dentista a solicitar um exame de glicemia. Esse diagnóstico é importante no próprio tratamento odontológico, pois é um paciente que pode apresentar deficiência na cicatrização e requer atenção”, explica a especialista.
Dentre os tipos de halitose, o hálito cetônico é sinal de diabetes e o hálito metálico, de disfunção renal, mas o mau-hálito ainda pode ser ocasionado por diversos fatores: muitos estão na boca, mas outros estão no fígado ou no aparelho digestivo. Associada a outros sintomas, a halitose dá pistas de problemas para os quais o dentista poderá indicar exames ou a consulta com um médico especialista. A anemia é outra doença que pode ser identificada em consultórios odontológicos, pois causa alterações na língua, que fica mais vermelha e suscetível a infecções (a chamada “língua careca”).
Por isso a anamnese, a entrevista ao paciente a fim de levantar seu histórico de saúde, é muito importante. “Algumas pessoas podem estranhar questionamentos sobre outros órgãos do corpo na visita ao dentista, mas este é um profissional de saúde, e deve ter uma visão sistêmica no tratamento”, aponta Karine.
Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul