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Depois de disparar 103% em 2020 e ter sido o produto com maior alta de preço no ano passado, o óleo de soja continua custando praticamente o dobro do que há um ano atrás.
A inflação do produto no Brasil acumula alta de 87,5% nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2021, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E a tendência é que o consumidor brasileiro continue pagando caro pelo óleo ao longo deste ano, afirmam economistas.
Segundo eles, isso deve ocorrer pelos seguintes motivos: cotação da soja muito alta no mercado internacional: isso está acontecendo porque a demanda pelo grão está aquecida e maior do que a produção. Quando a procura é maior que a oferta, os preços sobem.
Desvalorização do real frente ao dólar: a cotação da soja no mercado internacional é em dólar e o preço praticado no Brasil segue essa variação. Como o dólar valorizou muito em relação ao real, as operações que envolvem o grão também ficaram mais caras e o produtor tem repassado esse custo para os produtos finais, como o óleo de cozinha.
Disparada do preço do óleo de palma: o valor do óleo de soja também é definido com base nos preços de outros óleos vegetais. E o óleo de palma disparou no mercado externo por causa de uma redução dos estoques nos principais países exportadores do alimento, como Malásia e Tailândia.
“O único fator que poderia derrubar o preço do óleo de soja no Brasil seria o dólar cair. Mas essa é uma chance muito reduzida”, diz Carlos Cogo, sócio-diretor de uma consultoria.
Preço da soja nas alturas
O preço da soja no atacado nacional subiu 84% nos últimos 12 meses até 19 de março, segundo levantamento do analista Carlos Cogo, com base nos dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
E essa alta tem sido repassada para o consumidor. “Quando a gente olha para o óleo de soja, o preço ao consumidor esbarrou neste patamar de aumento de quase 100%. Então, o repasse de preço foi praticamente integral”, André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia.
O forte aumento no atacado é explicado pelas cotações recordes do grão no mercado internacional, que tem sido puxadas por um aumento do consumo do grão no mundo. Um dos países que mais procura pelo grão é a China, que usa o produto, por exemplo, como ração para os seus animais.
“Os chineses estão recompondo o seu rebanho suíno, pois parte importante dele foi dizimado pela peste suína africana”, afirma Felippe Serigati, coordenador do mestrado profissional em Agronegócios da FGV EESP.
Demanda maior que a produção
Serigati destaca, porém, que a procura pela soja está maior do que a produção, o que contribui para deixar os preços altos.
A oferta está menor porque no Brasil e na América Latina a colheita da soja está atrasada, os estoques estão baixos e parte da soja que ainda nem foi colhida já foi vendida.
“A partir de setembro começa a entrar a safra norte-americana. E os Estados Unidos estão passando por um inverno rigoroso. Isso pode atrasar também o plantio por lá”, diz Serigati.
Fonte: Jornal O Sul