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A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (18), a segunda fase da Operação Irmandade, que combate a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. A ação contou com o apoio de policiais de Santa Catarina.
Cerca de 85 policiais civis cumpriram 21 ordens judiciais, entre mandados de busca, prisão preventiva, indisponibilidade de contas bancárias, bens imóveis e veículo, nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, São Leopoldo e Itapema (SC).
O total de ativos e bens indisponibilizados pode chegar a R$ 3,2 milhões. Esse montante somado aos sequestros e apreensões da fase 1 – deflagrada em julho deste ano – chega à quantia de R$ 7 milhões até o momento. O total de medidas cautelares solicitadas e efetivadas ao longo das fases 1 e 2 é de 406.
Esta segunda fase busca atingir uma nova célula financeira de organização criminosa sediada no Vale do Sinos, que se ocupa de complexa rede de dissimulações para ocultar bens e ativos financeiros, inclusive usando de empresários, comerciantes e corretores de imóveis que atuavam dolosamente, sendo alvos na ação desta quinta-feira.
Dentre várias condutas de mascaramento de ativos e imóveis comprovados nesta segunda fase, chama a atenção pagamento de imóveis pertencentes a quadrilha gaúcha, localizados em Santa Catarina, sendo realizados por criminosos do nordeste do país, estes ligados a uma facção de amplitude nacional, bem como a retirada fraudulenta de valores em espécie de Delegacias de Polícia do Estado (apreendidos pelas polícias ostensivas em situação de transporte por laranjas), usando documentos e contratos fictícios, a fim de dar aparência lícita ao dinheiro da facção.
Nesta segunda fase, também constatou-se a utilização de contas de passagem no sistema financeiro, ou seja, dinheiro em espécie sendo depositados nas contas de laranjas, bem como operadores que emprestavam seus nomes para a ocultação e venda de veículos de luxo, além de repasses/pagamento em esmeraldas entre os operadores.
A investigação
A Operação Irmandade nas suas duas fases apura a associação entre criminosos gaúchos com uma facção de amplitude nacional, com divisão de tarefas e intercâmbio de operadores logísticos e financeiros que atuam no Rio Grande do Sul e em outros 6 estados brasileiros.
Um dos alvos, um baiano, que também teve a prisão preventiva decretada e cumprida pela Polícia Civil na fase 1, é um grande operador logístico da facção nacional e principal elo de ligação com os líderes desta célula gaúcha, que atuava pilotando aviões, em uma rede muito complexa de distribuição de entorpecentes nas regiões sul e norte do País, inclusive com suspeita de compra de hangares, sendo citado recentemente pela imprensa francesa. Foi captado durante a investigação um traficante colombiano encomendando grande quantidade de maconha da célula gaúcha.
Além deste elo, nas duas fases da investigação constataram-se remessas bancárias e negociações entre criminosos do Rio Grande do Sul e de outros estados, via operadores de lavagem de dinheiro, ou seja, dinheiro espúrio indo e vindo via sistema financeiro, bem como uso de doleiros gaúchos.
Dezenas de relatórios de investigação produzidos nas duas fases confirmaram uma movimentação anual ilícita de R$ 120 milhões de reais no sistema financeiro, entre as pessoas físicas e jurídicas investigadas, além de imóveis e veículos, em constante troca de valores entre a facção gaúcha e a nacional.
Cinco suspeitos, dentre líderes e gerentes, já foram indiciados dentro da Operação pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e crime organizado, todos com prisão preventiva decretada, sendo dois ainda foragidos.
Um sexto integrante, gaúcho de São Leopoldo, alvo de prisão preventiva desta quinta-feira, com funções de gerência na organização, está foragido do sistema prisional, desde a fase 1, em julho deste ano, suspeito de operações logísticas e financeiras no Rio Grande do Sul e em outros estados da federação.
Fonte: Foto: Polícia Civil/Divulgação, Redação O Sul