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Após o sexto óbito em Passo Fundo por conta do novo coronavírus em 58 casos registrados, o prefeito Luciano Azevedo (PSB) afirmou que a administração municipal ainda tenta entender o alto índice de fatalidade. “A comparação que nós estamos fazendo é: já que nós tomamos as mesmas medidas, ao mesmo tempo que as outras cidades, por que aqui estão acontecendo mortes que nos outros lugares não estão acontecendo? Essa uma resposta que nós não temos ainda?”, disse nesta quinta em entrevista à Rádio Guaíba.
Localizada no Noroeste gaúcho, a cidade tem o segundo maior número de infecções e óbitos por Covid-19 no Rio Grande do Sul, atrás apenas de Porto Alegre. Embora totalize 10 mortes, a Capital soma 401 pacientes com confirmação de coronavírus, quase sete vezes mais do que Passo Fundo. Azevedo pediu um olhar diferenciado do governador Eduardo Leite (PSDB) para o local na distribuição de recursos para o combate da doença respiratória.
Para o prefeito, uma análise do mapa de infecções mostra que “alguma coisa está acontecendo”. “Temos uma associação de 17 prefeituras muito atuante, apesar das dificuldades. É uma região privilegiada e que consegue ter capacidade de organização. Queremos mais apoio, precisamos de mais recursos. Queremos que se trate diferenciado porque tem um indicador objetivo: é onde mais ocorreram mortes. Esse é o pedido que está sendo feito”, afirmou.
Ele ainda justificou sua solicitação no fato de que o município tem uma extensa rede de saúde que atende enfermos de diferentes zonas do Estado. “Desde que a confusão começou, tivemos uma teleconferência, e eu disse ao governador que não é justo Passo Fundo atender 200 municípios e receber recursos inferiores à produção hospitalar. Me parece que os critérios iniciais não foram adequados”, argumentou, apontando que os serviços hospitalares não pararam. “Vindo mais gente para cá, o vírus circula mais e pode ficar aqui”, lamentou.
Apesar disso, Azevedo considerou que a capacidade de internação ainda opera com tranquilidade. “Na última contagem, 45% dos leitos de Covid-19 nas UTIs estavam ocupadas. Se nós temos mais casos, temos também mais profissionais, leitos, hospitais. Por enquanto está controlado e esperamos que continuemos aqui”, disse. Ele considerou que o governo estadual tem conseguido “achatar a curva” de crescimento”, mas cobrou mais agilidade para iniciativas no interior.
“O Rio Grande do Sul não é só Porto Alegre. Queremos recursos na ponta. Ninguém vai bater no Piratini para fazer cobranças. É aqui nas prefeituras que as pessoas batem”, comentou. “O que preocupa nesse momento é tratar as pessoas. Não estamos nos dando conta de que são pessoas que estão morrendo, estamos ficando nos números, percentuais. Aí está o principal problema”, avaliou.
Nesta semana, a prefeitura começou a receber carga de 11 respiradores adquiridos para serem destinados a três centros de saúde locais. São dois para o Hospital São Vicente de Paulo, dois para o Hospital de Clínicas (HC) e um para o Hospital Municipal. Quando os outros equipamentos chegarem, serão repassados. O governo municipal também investiu recursos de insumos como álcool gel, luvas, aventais, máscaras, termômetros, oxímetros para a rede de saúde.
Buscando entender os números, o prefeito de Passo Fundo levantou hipóteses para a alta incidência de casos e óbitos. Apesar de, na cidade, o comércio funcionar com restrições desde a última sexta-feira, ele acredita que isso não é um fator determinante, tendo em vista que cidades maiores como Caxias do Sul e Santa Maria fizeram o mesmo e têm menos casos e mortes – 44 e 18 pacientes, respectivamente, e ambas sem nenhum óbito. “Lá, os shoppings estão funcionando, mas aqui não, somos mais restritivos”, avaliou.
Conforme Azevedo, uma das hipóteses está relacionada com a testagem da população.” É a cidade do interior que tem mais hospitais, faculdades de medicina e médicos. Portanto, é a que mais tem condições de atender adequadamente a população. Então, quando chega alguém a uma unidade de saúde ou no centro de referência ao coronavírus com algum sintoma, essa pessoa é imediatamente testada. Acredito que o percentual de testagem em outras regiões não seja igual”, considerou.
De acordo com o chefe do executivo municipal, Passo Fundo testa 170 pessoas para cada 100 mil habitantes, enquanto na região o índice é 80 cidadãos. Para ele, isso faz com que se produza um número que é enganoso, “que faz com que pareça que tem mais gente com a doença, quando na verdade sabe que se tem”. “Essa é uma região rica, então é possível que esse número seja muito inferior em outras. Essa é uma hipótese que precisa ser investigada para que o diagnóstico não seja equivocado”, alertou.
Fonte: Foto: Alex Borgmann / Divulgação / CP, Correio do Povo