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Em solenidade realizada nesta quarta-feira (23) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, os músicos pelotenses Kleiton e Kledir Ramil receberam a Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pelo Parlamento gaúcho. A homenagem foi sugerida pelo deputado Fernando Maroni (PT), em reconhecimento à contribuição cultural da dupla para a cultura do Estado.
O parlamentar destacou em seu discurso a trajetória artística dos homenageados, que detém status informal de “embaixadores culturais do Rio Grande do Sul no País e no mundo: “Suas canções possuem universalidade poética, que nos aproximam de nossas origens”, ressaltou. “Com mais de 50 anos de atividades, que eles continuem disseminando pelo mundo essa arte tradicional e ao mesmo tempo contemporânea.
Kleiton (o de óculos, para quem confunde os nomes), 71 anos, destacou a importância de sua família, onde educação e arte sempre foram presentes – o também irmão Vitor Ramil é outro nome de projeção nacional na música. Depois citou sua trajetória formal na música e o quanto a dupla é curiosa e participativa em movimentos culturais.
Falou, ainda, do desafio de criar algo novo na música popular a partir do Sul do Brasil, sem desistir. “Quando fazemos shows pelo País ou mesmo no Exterior e o público canta nossas músicas, temos a sensação do dever cumprido”, frisou. “Além do dom e do estudo, o sucesso é resultado do foco na qualidade do que é produzido, da resiliência, da humildade e da perseverança.”
Kledir, que completará 70 anos em janeiro, fez uma ressalva: a de que ele e o mano não fazem música para receber honrarias, mas se isso acontece é muito bom. “Não é para alimentar o nosso ego, mas confirmar que estamos no caminho certo”, discursou.
Ele citou como exemplo os editais lançados pelo governo do Estado e o trabalho de divulgação realizado pela imprensa: “O reconhecimento e apoio do poder público são importantes para a área cultural.”
Emocionado, citou o músico e amigo Bebeto Alves, recentemente falecido. “Essa homenagem é dividida com toda uma geração de pioneiros que não tinham uma referência próxima e aprendeu a fazer fazendo”, emendou.
Kledir ainda destacou a importância de sua família e dos amigos, artistas e fãs na carreira da dupla. “Vou guardar com carinho essa medalha, que é um incentivo para que a gente continue produzindo cada vez mais. Espero que também sirva de incentivo para essa gurizada que já está brilhando no cenário artístico do Rio Grande do Sul”, encerrou.
A secretária estadual da Cultura, Beatriz Araújo, enfatizou que os irmãos Ramil representam o Rio Grande do Sul da melhor forma possível há quase 50 anos: “Com seu talento e simpatia, levaram para além das fronteiras do Estado um pouco do nosso jeito de ser, pensar e falar, sem perder o sotaque de toda uma geração que se identificou com sua sonoridade”.
Trajetória
Naturais de Pelotas (Região Sul do Estado), Kleiton e Kledir Alves Ramil começaram a estudar música muito cedo, incentivados pelos pais. Eles se projetaram artisticamente na década de 1970, ao integrar com o primo Pery Souza e dois amigos a banda Almôndegas, com uma mistura de ritmos que ajudou a definir a moderna música popular gaúcha.
Foram quatro discos entre 1975 e 1978, hits radiofônicos como “Vento Negro” e “Canção da Meia-Noite”, centenas de shows e a mudança para o Rio de Janeiro. Quando o grupo de dissolveu, em 1979, os manos decidiram prosseguir a carreira como “Kleiton & Kledir”.
A dupla manteve o sucesso com mais de dez álbuns desde então, além de investirem em suas respectivas carreiras-solo nos períodos de pausa da dupla. Dentre as suas composições mais conhecidas estão “Deu Pra Ti” (rock cantado quase como um hino por muitos porto-alegrenses), “Maria Fumaça”, “Virou Virou”, “Tô que Tô” e “Nem Pensar”.
Essa trajetória é detalhada no livro “Kleiton & Kledir – A Biografia” recentemente lançado pelo jornalista porto-alegrense Emílio Pacheco. A publicação, com 396 páginas, pode ser adquirida por meio do site bestiario.com.br.
Fonte: (Marcello Campos),Foto: Joaquim Moura/AL-RS, Redação O Sul