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Grupos contra e pró-Bolsonaro protestam no Centro de Porto Alegre

O Centro Histórico voltou a receber ontem manifestações contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro. Na escalada dos atos que se espalharam por todo país, os protestos na Capital reuniram cerca de 400 pessoas na rua 7 de Setembro, que ficou bloqueada por três horas. De um lado, um grupo majoritário com mais de 300 integrantes portava faixas com mensagens antifascistas, em defesa da democracia e pedidos de “Fora Bolsonaro”. Do outro lado, na sede do Comando Militar do Sul, cerca de 60 pessoas com bandeiras e camisetas do Brasil pediam intervenção militar. Apesar do cenário de tensão, os atos terminaram de forma pacífica.

Representantes dos movimentos, no entanto, parecem ter identificado um alvo em comum: o Supremo Tribunal Federal (STF). Dos dois lados, a atuação dos integrantes da Corte foi motivo de crítica dos manifestantes. Policiais do Batalhão de Choque e agentes da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) fecharam as principais vias de acesso na região e monitoraram as ações dos grupos. Enrolado em uma bandeira preta com a mensagem antifascista, Diego Bezerra Machado, 46, participa pela terceira vez do ato. Formado em Direito, Machado afirma estar descrente com o STF.

Ele critica o andamento das últimas das eleições e os desdobramentos do impeachment de Dilma Rousseff. “Não acredito no Judiciário que está aí e não acredito que o Bolsonaro vai dar resposta satisfatória até quarta-feira no inquérito das Fake News”, destaca. Machado reforça a crença na democracia e a importância de manter o Sistema Único de Saúde (SUS): “Sou a favor do regime democrático, que é o que nos resta. Não é a melhor coisa do mundo mas é o que temos para o momento. Estou na luta pela manutenção dos direitos que ainda resta, pelo SUS, pelo direito das minorias”, acrescenta.

O consultor financeiro Adriano Santos, 37, participava pela segunda vez de um protesto a favor de Bolsonaro. Ele critica a “divisão do país em várias classes sociais”. “O país é um só, todos são brasileiros, essas bandeiras nos dividiram há muito tempo. É momento de união do país, todo mundo aqui é brasileiro, não importa cor da pele ou crença, não estamos defendendo diferenças”, avalia. Conforme Santos, a população está “cansada de ser esmagada com a políticagem” e com as decisões tomadas em Brasília. “A gente tem grupos de deputados e senadores que decidem os rumos da nação inteira. E para nós os que lá estão não representam a voz do povo, a casa lá deveria ser a casa do povo. As ruas estão gritando para que nós sejamos ouvidos.”.

Ato no Parcão reúne bolsonaristas

Grupo de bolsonaristas concentrou-se no Parcão à tarde Grupo a favor do presidente também fez ato no Parcão | Foto: Fabiano do Amaral

Parte dos manifestantes que participaram do ato no Centro Histórico se deslocou mais tarde para o Parcão, no Moinhos de Vento. Diferente da manifestação no Comando Militar do Sul, que reuniu cerca de 60 bolsonaristas, no Parcão houve maior adesão ao ato. Aproximadamente uma centena de manifestantes tomou parte da esquina da avenida Goethe e a rua Mariante, onde foi instalado um acampamento pró-Bolsonaro. Com bandeiras e camisetas do Brasil, eles exibiam cartazes com mensagens “contra a ditadura do STF” e “fora STF”.

Muitos motoristas que passavam pelo local buzinavam em apoio ao ato. Outros gritavam palavras de ordem contra a manifestação. Idealizadora e fundadora do acampamento Bolsonaro RS, a sargento da reserva Flávia Abreu explica que é amiga pessoal do presidente, com quem se reuniu em Brasília na última segunda-feira e visitou o acampamento montado na cidade. “Acampamento Bolsonaro RS é um braço do acampamento Bolsonaro Brasília, temos um grupo de doações para Brasilia, ajudamos pessoal de lá. Como a gente não pode estar lá, a gente criou aqui”, observa.

No acampamento montado no Parcão são comercializadas máscaras com as cores da bandeira do Brasil e camisetas com imagem do presidente. “O povo vem, a gente conversa, canta o hino, quem quiser vem. De ontem (sábado) para hoje (domingo) vendemos 1050 máscaras”, observa. Flávia – que usava uma máscara personalizada com autógrafo do presidente – afirma que os acessórios foram doados por um amigo que fechou uma fábrica em Santa Catarina em função da quarentena. “Ele doou mil máscaras. Vendo para poder manter o acampamento aqui e em Brasilia”, afirma. “Sai a R$ 10 cada.”

 

Fonte: Foto: Fabiano do Amaral, Felipe Samuel, Correio do Povo

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