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A idade média dos automóveis conduzidos pelos brasileiros passou de uma década, atingindo 10,2 anos. Significa que a frota em circulação no País retrocedeu 25 anos em tempo de uso. Quanto mais velhos, maior chance de se envolverem em acidentes e de emitir mais poluição se não forem bem cuidados.
O envelhecimento tem a ver com o “pífio” crescimento da frota de automóveis no ano passado por causa da crise sanitária, explica Elias Mufarej. Ele é diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), entidade responsável pelo estudo que é atualizado anualmente.
Segundo ele, se diminui a entrada de modelos novos no mercado, a idade média da frota aumenta. A pandemia do coronavírus levou a uma queda de 28,6% nas vendas de automóveis novos no ano passado. Descontando-se a taxa de mortalidade (carros com perda total ou desmanches), o total de carros em circulação soma 38,1 milhões de unidades, aumento de apenas 0,5% em relação a 2019.
É o menor porcentual de crescimento desde o início dos anos 2000, quando o Sindipeças começou a publicar esse indicador no relatório sobre a frota brasileira. “Carros mais velhos têm maior possibilidade de apresentar defeitos e provocar acidentes, lentidão no trânsito e emitir mais poluentes se não forem feitas as manutenções corretas”, confirma Mufarej.
Em 1995, a idade média dos automóveis bateu em 10,3 anos. Desde então, seguiram-se 18 anos de rejuvenescimento, chegando a 8,6 anos em 2013. A trajetória de renovação foi interrompida na crise econômica de 2014 e seguiu até o ano passado, mesmo com a pandemia derrubando as vendas. Fábricas e revendas ficaram fechadas no período mais crítico de contaminações. O consumidor se retraiu diante do aumento do desemprego e das incertezas para o futuro.
Sexta maior
Um ano antes da crise de 2014, a participação na frota dos automóveis com até três anos de uso, considerados seminovos, era de 27%, número que caiu para 15% em 2020. A fatia daqueles com mais de dez anos passou de 35% para 44%, enquanto a dos intermediários, com quatro a dez anos, subiu de 38% para 41% do total em circulação.
A frota total, incluindo comerciais leves, caminhões e ônibus, soma 46,2 milhões de veículos, alta de apenas 0,7% em relação a 2019 e também o menor crescimento da série. Ainda assim, é a sexta maior entre todos os países, atrás de EUA, China, Japão, Rússia e Alemanha. A idade média do total de veículos que rodam pelo País é de 10 anos.
Mufarej lembra que o envelhecimento da frota circulante, por outro lado, permite melhor desempenho do mercado de reposição de peças. O estudo tem o objetivo de subsidiar fabricantes de autopeças, pois, sabendo a quantidade e a idade média dos veículos, facilita programar a produção para o ano.
Motos em circulação
O Brasil encerrou 2020 com 12,9 milhões de motocicletas em circulação, número que representa 222,1 mil veículos de duas rodas a menos em comparação ao ano anterior.
Houve falta de produtos no mercado no ano passado em razão da grave situação sanitária em Manaus por causa da pandemia do coronavírus, que castigou bastante a cidade, a população e o Polo Industrial onde estão as maiores fabricantes do País – Honda, Yamaha e outras marcas, inclusive de modelos de luxo como BMW.
A frota de motos, no entanto, vem caindo desde 2016, depois de atingir 13,6 milhões de unidades um ano antes.
Já a idade média dos veículos de duas rodas tem aumentado, assim como a dos automóveis. Há uma década, era de 4,1 anos e, atualmente, chega ao dobro: 8,4 anos.
Há seis anos, 30,6% do todas as motos que rodavam pelo País tinham idade média de até três anos. Atualmente, são apenas 20,1% nessa faixa. Modelos com quatro a dez anos de uso representavam 56% da frota, participação que em 2020 cai para 47,3%.
Já as motocicletas mais velhinhas, com 11 a 20 anos, saltaram de 14,4% do total em circulação, em 2014, para 32,5% no ano passado. A crise sanitária, portanto, afetou todos os segmentos de veículos, das motos populares até o carros de luxo.
Fonte: Foto: Divulgação, Redação O Sul