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A Aeronáutica confirmou que uma peça encontrada em uma operação militar entre os dias 7 e 10 de setembro de 2022 era mesmo do caça F5E Tiger II, o FAB 4831. O anúncio começa a desvendar um mistério de 40 anos.
Em 28 de julho de 1982, um caça da Força Aérea Brasileira (FAB) pilotado pelo tenente aviador Edson Luiz Chiapetta Macedo desapareceu na Lagoa dos Patos, ao sul do Estado, durante um treinamento militar. O piloto nunca foi encontrado. A peça, ao que parece, agora foi.
Conversa de pescador
A operação foi realizada depois que o velejador e piloto de linha aérea Cristian Yanzer, de 44 anos, conversou com pescador Josoé Ortiz, que encontrou a peça de avião presa a uma rede de pesca. Cristian resolveu ir até o ponto indicado pelo pescador e utilizou um veleiro com sistema para detecção de objetos embaixo d’água. Por meio do equipamento, ele encontrou outras peças do avião desaparecido.
“[Eram] vários pedaços pequenos, alguns grandes. Imediatamente, eu entrei em contato com o 5º Comar”, afirma Cristian. Segundo o 5º Comando Aéreo Regional (Comar), a operação mapeou destroços da aeronave na região, que foram retirados e analisados. Com isso, foi possível confirmar que as peças eram do avião desaparecido.
Buscas
Com as autoridades militares informadas, uma operação de buscas teve início no dia 7 de setembro. As equipes saíram em direção à Itapuã, onde o Guaíba deságua na Lagoa dos Patos. “Antes de iniciarmos a missão, fizemos briefings sobre os aspectos técnicos da aeronave F-5, sobre o local dos destroços, além da definição dos procedimentos de busca”, explica o chefe da Assessoria de Segurança de Voo da Base Aérea de Canoas, major Aviador Cyríaco Bernardino Duarte de Almeida Brandão Júnior.
O avião foi, então, localizado a uma profundidade de 7,5 metros. Os destroços estavam em uma região da laguna mais distante da costa, ao sul de Viamão e Porto Alegre. “Foi uma grande surpresa, embora já vinha procurando há muito tempo. Foi crucial o acaso do pescador encontrar os pequenos pedaços”, diz Cristian.
No local, foram encontrados motores, trem de pouso, canhão, pilones, pedaços da fuselagem, fragmentos das asas, entre outros componentes do caça. “Foi possível recolher todos os destroços que foram mapeados, nos dando a certeza de pertencerem à aeronave desaparecida há 40 anos”, diz o comandante do 5º Comando Aéreo Regional (Comar), major-brigadeiro do ar Marcelo Fornasiari Rivero.
Piloto desaparecido
O então tenente Edson Luiz Chiapetta Macedo foi promovido, após a morte, ao posto de major. Segundo a FAB, a medida se deu para expressar o reconhecimento ao militar morto no cumprimento do dever ou em consequência disto.
Para Cristian Yanzer, o trabalho na localização do avião pode servir de alento para a família do piloto, que ainda não teve o corpo encontrado. “A família pôde, finalmente, descansar. Porque, durante todos esses anos, eles não haviam tido informações. Hoje a família tem a certeza de que ele morreu no efetivo cumprimento da missão”, disse.
A FAB contou com o apoio da Marinha do Brasil e do Corpo de Bombeiros Militar do RS nas buscas.
Fonte: Foto: FAB/Divulgação, Redação O Sul