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Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostra que, no Rio Grande do Sul, de 1º de janeiro a 12 de maio, os canais Disque 100, Ligue 180 e aplicativos Direitos Humanos Brasil receberam 31.780 registros de violações, que incluem, por exemplo, situações como agressão (1.894 casos), lesão corporal (891), tortura física (267), estupro (414), tortura psíquica (3.427), entre outros. No Brasil, no mesmo período, foram 606.229 registros de violações.
Ainda de acordo com o painel, na região Sul do país, a maior parte das vítimas são mulheres (60,24%). O perfil é o mesmo visto nas demais regiões brasileiras.
Em agosto, o tema “Tratamento da violência doméstica – intervenções possíveis” será uma das questões abordadas na 31ª Jornada CELG, realizada pelo Centro de Estudos Luis Guedes, em Gramado. Após vivenciarem violência doméstica, as vítimas podem apresentar diversas formas de sofrimento físico, emocional e transtornos mentais. Tais sequelas precisam ser tratadas para que elas consigam retomar sua vida e sua sanidade mental. Sem o auxílio de um profissional, é muito difícil superar as marcas que foram deixadas no emocional.
“Ter apoio psiquiátrico é essencial para romper o ciclo de violência doméstica e familiar em relacionamentos abusivos. O principal objetivo do tratamento é avaliar os riscos presentes na relação, e ajudar a paciente a romper com a negação da violência sofrida e recuperar sua autoestima” fala a psiquiatra do CELG, Lisieux Telles, que também é professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
A especialista ressalta que é preciso, cada vez mais, reforçar a importância da busca por atendimento em serviços de saúde. “Essa vítima precisa saber que não está sozinha, que existem equipes multiprofissionais e serviços que poderão dar a ela o amparo e encaminhamento necessário”.
Lisieux Telles também pontua a necessidade de cada vez mais políticas públicas voltadas à prevenção da violência e ao suporte às pessoas atingidas quando o problema acontece, sejam as vítimas diretas ou pessoas que convivem com a situação e estão expostas à violência. “É preciso trabalhar, desde o início, nas escolas, o respeito entre as pessoas, as questões de gênero, o respeito às diferenças, para desconstruirmos cada vez mais a intolerância, o machismo, os preconceitos e tudo o mais que gera a violência”, diz.
“Além disso, é preciso ampliar ações que deem à vítima e seus filhos suporte social e oportunidade de recomeçarem suas vidas em segurança e de forma produtiva. Os agressores também merecem especial atenção por parte dos serviços de saúde, uma vez que muitos deles são usuários de álcool e possuíam modelos parentais violentos”, conclui.
Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul