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Defesa Civil gaúcha alerta a população para riscos da baixa cobertura vacinal contra paralisia infantil

Em um cenário onde quase metade da população gaúcha de 1 a 4 anos ainda não recebeu imunizante contra poliomielite, a Defesa Civil estadual emitiu alerta para a necessidade de avanço da campanha no Rio Grande do Sul. Uma mensagem de texto por telefone celular foi enviada a cerca de 800 mil cidadãos cadastrados para receber esse tipo de aviso.

“Até o dia 30 de setembro, combata o risco de retorno da paralisia infantil. Cuide das nossas crianças!”, diz um trecho do comunicado.

Geralmente, os alertas da Defesa Civil tratam de eventos climáticos com risco para a população (temporais, enchentes etc.), mas desde o início da pandemia de coronavírus o órgão tem apoiado a o governo gaúcho em campanhas de saúde pública.

“Trata-se de uma solicitação da Secretaria Estadual da Saúde”, explica o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, Júlio César Rocha Lopes.

A pólio é uma doença contagiosa aguda, causada pelo poliovírus, capaz de atingir crianças e adultos por via fecal-oral (contato direto com fezes ou saliva). A infecção pode atacar o sistema nervoso e provocar paralisia flácida aguda, principalmente em membros inferiores.

Situação

Válida para todos os Estados e seus municípios, a meta definida pelo Ministério da Saúde é de imunizar contra a pólio 95% das crianças de 1 a 4 anos. A estatística – atualizada pela última vez na quarta-feira (14) – aponta que foram aplicadas durante esta campanha ao menos 281.611 doses da vacina contra a pólio no Rio Grande do Sul.

O número representa menos de 51% dos 553.814 gauchinhos nessa faixa etária. Em âmbito local, ao menos 182 das 497 cidades do Estado já alcançaram esse índice.

“O Rio Grande do Sul não registra casos de poliomelite, mas não se pode dar chance ao azar”, adverte a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann.

Risco alto

Índices de vacinação abaixo das metas preconizadas pelo Ministério da Saúde aumentam os riscos para doenças imunopreveníveis. É o caso da própria poliomielite, bem como da coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, meningite meningocócica e pneumocócica, gastroenterite por rotavírus e hepatites A e B, entre outras.

Levando-se em conta o calendário básico de vacinação infantil, nos últimos cinco anos as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde não foram atingidas. Os dados de 2021 (ainda considerados parciais) indicam que o Rio Grande do Sul ficará abaixo das metas preconizadas.

A imunização contra a doença não tem alcançado nos últimos anos, no Rio Grande do Sul, a meta de 95% de cobertura. A análise da série histórica das coberturas vacinais de 2017 a 2020 tem variado entre 75% e 86%. O cenário é preocupante: 32% dos municípios gaúchos apresentam risco alto para pólio e outros 41% estão sob risco muito alto. Ou seja: 74% dos municípios (367 de 497) podem voltar a registrar casos da doença.

A avaliação considera fatores como cobertura vacinal, vigilância epidemiológica e alguns determinantes de saúde como acesso à água potável e à rede esgotos. Com isso, reforça-se a necessidade de manter ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados de proteção imunológica da população.

Uma análise realizada em 2021 pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) identificou o Brasil como um dos países das Américas com alto risco reintrodução do vírus da poliomielite, ao lado de outras cinco nações (Bolívia, Panamá, Paraguai, Argentina e Equador). Já no Haiti, Venezuela, Peru e República Dominicana o risco é considerado muito alto.

(Marcello Campos)

Fonte: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil, Redação O Sul

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