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O coronel reformado do Exército, Virgílio Parra Dias, foi indiciado nesta quinta-feira (24) pela Polícia Civil de Campinas (SP) pelos crimes de explosão, incêndio e posse de armas de fogo de uso restrito sem autorização.
O indiciamento se refere à explosão seguida de incêndio que ocorreu no apartamento do militar, em Campinas, no dia 24 de fevereiro deste ano. Ninguém ficou ferido, mas 44 pessoas que estavam em andares superiores tiveram que ser retiradas do edifício, parte delas por meio de cordas.
O incêndio no imóvel começou após a explosão de um artefato que estava no cofre, localizado em um cômodo ao lado da cozinha, onde o coronel armazenava grande quantidade de pólvora e um arsenal de armas, incluindo pistolas, revólveres, espingardas e fuzis.
Parra Dias tinha licença de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) para manter 86 armas. A Polícia Civil apurou, no entanto, que ele tinha 123 armas armazenadas, por isso, o crime de posse de arma de uso restrito foi incluído no indiciamento.
“Ele foi iniciado pelos crimes de incêndio, explosão e pelo crime previsto no Estatuto do Desarmamento, porque nós apuramos no decorrer da investigação que ele tinha 42 armas a mais no apartamento dele não constantes do acervo do sistema do Exército”, afirmou o delegado José Mecherino.
O inquérito agora vai ser encaminhado ao Ministério Público Estadual (MP-SP), que decide se denuncia ou não o militar à Justiça.
Depoimento
O coronel prestou depoimento no 1º Distrito Policial de Campinas nesta quinta. Na saída, o advogado de defesa do militar, Anderson Souza Daura, afirmou que o militar esclareceu ao delegado a origem das armas e, sobre o excedente, afirmou que o coronel acreditava que não era crime manter exemplares sem registro.
“Essas armas (que não tinham registro) ele tentou registrar no Exército em 2008, 2009 e tempos depois ele recebeu a notícia de que não foi possível registrar todas. Ele ficou com as armas guardas em casa acreditando que não era crime, acreditando que era apenas uma irregularidade administrativa e ele estava esperando uma nova anistia”.
Sobre a explosão no apartamento, a defesa afirmou que uma perícia contratada constatou que foi causada por ignição espontânea, afastando qualquer ação humana dolosa ou negligente, e que o coronel, na verdade, também foi vítima do incidente.
Laudo
Um laudo do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo apontou ao menos duas explosões, vestígios de pólvora e disparo de munições no apartamento do coronel Parra Dias.
No laudo, o perito confirma que a explosão de um artefato dentro do cômodo-cofre onde ficava o armamento do militar iniciou o incêndio que, segundo o documento, chegou a 327°C de temperatura.
O documento lista os danos causados no apartamento do coronel, no apartamento vizinho e nas áreas comuns do prédio e afirma que as explosões, o incêndio e o disparo de munições colocaram em risco a vida dos moradores.
A perícia, no entanto, afirma que não é possível determinar se a explosão foi fruto de ação criminosa ou de acidente.
Fonte: Foto: Defesa Civil, Redação O Sul