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Beatriz Souza cravou definitivamente seu nome na história. Com a medalha de ouro conquistada nesta sexta-feira (2), em Paris, na categoria acima de 78kg, a judoca, estreante na competição, logo de cara subiu ao lugar mais alto do pódio, fato inédito até então entre mulheres brasileiras. A atleta de 26 anos derrotou a israelense Raz Hershko, número 2 do ranking mundial, por waza-ari. Bia não esteve na Olimpíada de Tóquio, pois perdeu a vaga para a sua compatriota e também amiga Maria Suelen.
Na história dos Jogos, o Brasil contava com cinco campeãs olímpicas individuais: Maurren Maggi, no salto em distância Pequim-2008, Sarah Menezes no judô em Londres-2012, Rafaela Silva no judô na Rio-2016, Ana Marcela nas águas abertas em 2021 e Rebeca Andrade na ginástica artística de Tóquio-2021. No entanto, todas as atletas já tinham disputado as edições anteriores às conquistas. Maurren esteve em Sydney-2000, oitos anos antes do ouro.
Tanto Sarah Menezes quanto Rafaela Silva também estiveram na Olimpíada anterior a de suas conquistas. Ana Marcela Cunha conquistou ouro na terceira tentativa. Ela havia nadado em Pequim-2008 e Rio-2016, enquanto Rebeca Andrade debutou em Olimpíadas na Rio-2016 antes do título em Tóquio-2021.
O Brasil também possui campeãs olímpicas nos esportes em dupla, como Martine Grael e Kahena Kunze da vela e Jaqueline e Sandra do vôlei de praia, além dos títulos do vôlei feminino em 2008 e 2012.
Influência do pai
Criada em Peruíbe (SP), Beatriz Souza começou no esporte por influência do pai. Recentemente, ela havia perdido a avó materna. No percurso até a conquista, a judoca brasileira obteve vitórias importantes. Venceu Izayana Marenco, da Nicarágua, em sua estreia, e depois passou por Kim Hayun, da Coreia do Sul, nas quartas de final. Na semifinal, encarou a francesa Romane Dicko, garantindo sua vaga na final.
A jovem nasceu em Itariri (SP), mas foi criada em Peruíbe, cidade litorânea onde realizou os primeiros treinos ainda com sete anos. A principal influência para o ingresso de Bia no esporte foi o pai, judoca aposentado que teve a ideia de levá-la para assistir um treino. Ela foi a única de três irmãs a seguir os passos dele.
“O pai dela já treinava e colocou ela desde pequena. Por ela ser muito grande, sempre treinou com os adultos”, contou o professor de judô Yago Lucas dos Santos, de 30 anos. Ele recorda os momentos com a amiga quando ainda eram adolescentes. Ambos treinavam na Associação de Judô Budokan, em Peruíbe.
Aos 15 anos, Beatriz mudou-se para São Paulo para se dedicar ao esporte. Em 2023, Beatriz foi eleita a melhor judoca do ano pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Em abril deste ano, ela chegou na primeira lista de pré-convocados do judô para as Olimpíadas de Paris.
A atleta, porém, teve que lidar com um momento difícil um pouco antes dos Jogos Olímpicos: a morte da avó, no dia 22 de junho. Segundo a mãe dela, Solange Rodrigues, a filha continuou firme na meta de participar dos jogos mesmo com perda. Após a conquista da medalha de ouro, Beatriz Souza chorou ao falar com a família.
“É inexplicável. É uma das melhores coisas do mundo. Eu consegui. Deu certo, mãe. Eu consegui. Eu consegui. Foi pela avó. É para a avó, mãe. Eu amo vocês mais do que tudo. Eu amo vocês. Obrigada”, resumiu Bia Souza sobre a sensação de ser campeã olímpica.
Com a medalha no peito e muito emocionada, a judoca Beatriz Souza disse que a cor “não define medalha”.
“A gente está aqui para crescer, não só como atleta, mas como ser humano e para mostrar que a gente pode tudo, e que a cor não define nada, não define medalha, não define nada. Chega na hora é raça”.
Bia Souza também afirmou que a sua medalha também representa uma vitória dos negros. “Os negros estão conquistando o poder. É muito bom escrever isso na história e servir de inspiração”, disse a atleta.
Fonte: Foto: @timebrasil, Redação O Sul