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A Polícia Federal, o Ministério Público e o Ministério da Justiça investigam as responsabilidades pela depredação da Praça dos Três Poderes por manifestantes radicais no último domingo (8), em Brasília. Os extremistas invadiram e vandalizaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quem quebrou
Mais de 1,4 mil manifestantes radicais estão presos no Distrito Federal (DF) após os ataques, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Pouco mais de 200 foram detidos em flagrante, ainda durante o quebra-quebra, e o restante no acampamento instalado em frente ao Quartel-General do Exército, já na segunda-feira (9). Os homens presos foram levados para o Complexo da Papuda. As mulheres, para a Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia.
Os idosos representam 3,5% dos presos. A maioria (67%) é de pessoas entre 40 e 59 anos. O mais velho é um idoso de 86 anos, e o mais jovem tem 18 anos.
Parte foi identificada ao postar nas redes sociais fotos e vídeos da invasão e depredação dos prédios públicos. Veja aqui a lista com mais de mil nomes e aqui informações adicionais sobre alguns deles.
Quem financiou
A Advocacia-Geral da União (AGU) identificou 52 pessoas e sete empresas suspeitas de terem financiado a manifestação do domingo (08) e pediu o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens (veja os nomes). A Justiça aceitou o pedido na noite desta quinta (12). Segundo as investigações, o grupo bancou os ônibus que transportaram os vândalos e os custos do acampamento em frente ao QG do Exército.
Empresários e colecionadores de armas estão entre os financiadores, segundo apuração da TV Globo. A maior parte é do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Quase 90 veículos foram apreendidos (saiba quem são os donos).
O acampamento, que durou dois meses e só foi desmontado pela Polícia Militar do DF e pelo Exército após os atentados de domingo, e por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), tinham uma superestrutura com banheiro químico, comida à vontade e até uma espécie de igreja.
Quem incitou
Os extremistas miraram locais que foram hostilizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante todo o seu mandato. Por quatro anos, Bolsonaro xingou ministros do STF, pregou contra as urnas eletrônicas, pôs em dúvida o sistema eleitoral sem nunca apresentar provas e participou de atos que pediam intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo.
Nesta quinta (12), a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura de um inquérito para investigar os autores intelectuais do ataque — pessoas que, mesmo sem participar diretamente das ações criminosas, poderiam ser responsabilizadas porque estimularam a conduta violenta dos radicais propagando teorias golpistas e atacando a legitimidade da democracia brasileira.
Embora não cite diretamente Bolsonaro, a petição aponta todos aqueles que, “mesmo estando no exterior”, atacaram as urnas e o STF, insinuaram fraude eleitoral e tentaram deslegitimar quem foi eleito.
Apoio de deputados
Parlamentares bolsonaristas também são acusados de apoiar os atos terroristas. O Grupo Prerrogativas, de advogados e juristas, pediu ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para que 6 deputados federais e estaduais eleitos tenham a diplomação suspensa e sejam impedidos de assumir o mandato. (Veja aqui quem são eles).
Na lista está Nikolas Ferreira (PL), o deputado mais votado da história de Minas Gerais.
Como agiram as forças de segurança
A atuação da Polícia Militar, do governo do DF e do Exército foi muito questionada. Ninguém foi capaz de impedir a depredação dos prédios. O Exército, que tem um batalhão específico para proteger o palácio presidencial, falhou na missão. Pior: há indícios de que houve conivência com os terroristas, como indicam depoimentos de bolsonaristas presos e vídeos feitos durante a invasão.
Na quinta (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar convencido de que tanto a PM quanto o Exército foram coniventes e de que alguém facilitou a entrada dos terroristas no Palácio do Planalto.
O então secretário da área, Anderson Torres, ex-ministro e aliado próximo de Bolsonaro, foi demitido pelo governador Ibaneis Rocha. Na terça (10), o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão de Torres, que está nos EUA e ainda não voltou ao Brasil.
O coronel Fábio Augusto, que chefiava a PM no dia dos ataques, foi preso também por ordem do STF, e Ibaneis Rocha foi afastado do cargo por 90 dias.
Passagem livre
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a inércia da PM no início da invasão. Em uma das cenas, policiais apenas observam a passagem dos vândalos nas escadas do Congresso. Alguns deles chegam a fazer sinais para que os golpistas seguissem em frente (assista abaixo).
O reforço policial só chegou à Praça dos Três Poderes quando o cenário era de destruição. Homens da Tropa de Choque e da cavalaria conseguiram retomar os prédios, retirar e prender os criminosos quase três horas depois.
Fonte: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil, Redação O Sul