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Fernando Sabag Montiel, o brasileiro que tentou atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, tem um histórico familiar conturbado e trágico. Seu pai, o chileno Fernando Ernesto Montiel, foi preso em diversas ocasiões ao longo das últimas duas décadas em São Paulo por crimes como furto e estelionato.
Seu avô paterno, o chaveiro chileno José Ernesto, matou a segunda esposa e se suicidou, em 1998, num apartamento no centro da capital paulista.
Fernando Ernesto registrou o filho, Fernando Sabag, em São Paulo, em janeiro de 1987. No documento, consta que a mãe do bebê, Viviana, nascera em Buenos Aires. Ainda criança, Fernando Sabag deixou o Brasil e foi morar com a mãe na capital argentina e ainda não se sabe se manteve contato com o pai. De acordo com a imprensa portenha, Viviana era comerciante e morreu em 2017. O filho afirmou à Justiça argentina que era seu único descendente.
Fernando pai ficou no Brasil e respondeu a ao menos cinco processos criminais no Estado de São Paulo, o primeiro deles em 2001. As acusações incluem estelionato, falsificação de documentos e furtos. No processo mais recente, de 2014, ele foi condenado por ter furtado uma unidade do supermercado Extra na cidade de Guarujá, no litoral sul de São Paulo.
O chaveiro chileno José Ernesto Montiel Ahumada, avô do brasileiro que foi detido na quinta-feira pela polícia argentina, além de Fernando tinha outros cinco filhos com ao menos duas esposas.
Um dos endereços de Fernando pai em São Paulo foi um apartamento no histórico Palacete Martins Costa, localizado na Avenida Ipiranga, no centro da cidade. Nesse imóvel, em janeiro de 1998, seu pai José Ernesto, então com 64 anos, matou a mulher, Rosemeire de Souza, de 32 anos, com um tiro na testa, e se suicidou em seguida.
Uma pessoa que estava no prédio no dia do crime afirma que o motivo do crime teria sido ciúmes e inconformismo de José Ernesto com o fim do relacionamento, que teria cerca de dez anos de duração. A certidão de óbito de José Ernesto atesta que ele teve seis filhos (inclusive Fernando pai) e que morreu em sua residência no dia 9 de janeiro de 1998, em decorrência de um traumatismo ocasionado por “agente perfurocontundente”.
O caso chegou a ser noticiado pela imprensa na época. Uma das reportagens foi publicada pelo jornal Folha da Tarde. O texto diz que, na hora dos tiros, estavam no apartamento ainda três filhas do casal, com idades de 8, 6 e 4 anos, e que o crime foi investigado pelo 3º Departamento de Polícia (DP). A delegacia, no entanto, não tem o boletim de ocorrência da época.
O zelador do Palacete Martins Costa, que trabalha no local há décadas e pediu para não ser identificado, não se lembra de Fernando pai, mas sim do casal que protagonizou o crime. Segundo ele, Rose, como era conhecida a mulher de José Ernesto, trabalhava como vendedora e manicure e o casal não costumava ter discussões.
Pai do homem que tentou atirar em Cristina Kirchner, Fernando Ernesto Montiel teve ao menos uma passagem pela mesma delegacia que investigou o crime de José Ernesto. Em 2007, o 3º DP investigou um furto pelo qual Montiel seria condenado depois. Segundo o boletim de ocorrência, Fernando e um amigo teriam entrado bem vestidos na churrascaria Grill Cascais, no centro de São Paulo. Ali, de acordo com testemunhas ouvidas pela polícia e segundo o processo ao qual Montiel respondeu, os dois roubaram a carteira de um cliente, mas foram descobertos.
Em 2010, Fernando Ernesto teria tentado aplicar um golpe similar, desta vez em um cliente da churrascaria Grill Hall Paulista. O chileno teria furtado a carteira de um dos clientes do restaurante, que chamou a polícia ao notar o sumiço do documento. A polícia encontrou Montiel no mesmo dia com a carteira e um RG falsificado da vítima. Ele foi preso em flagrante.
O julgamento do golpe de 2007 se arrastou e só foi concluído em 2012. Fernando pai foi condenado a dois anos em regime fechado. Em 2001, ele já respondera a um processo por estelionato que também se arrastou. Denunciado em 2002, ele só seria condenado nessa ação em 2005, a um ano de prisão. Recorreu da decisão ao Tribunal de Justiça de São Paulo e, condenado novamente, apelou ao Superior Tribunal de Justiça. O mandado de prisão definitivo só foi emitido em 30 de agosto de 2010.
Em outubro de 2014, Fernando Ernesto teve mais problemas com a Justiça. Novamente fora da cadeia, e morando em Guarujá, no litoral sul de São Paulo, ele foi preso em flagrante ao tentar realizar um furto em uma unidade do supermercado Extra. Cumpriu pena de oito meses de prisão em um centro de detenção provisória em São Vicente.
Fonte:O sul