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51% dos jovens brasileiros não confiam em partidos políticos

A maioria dos jovens está interessada em temas da política, apesar de não frequentar espaços tradicionais de formação, como os partidos. Uma pesquisa, realizada pelo Ipec a pedido da ONG global Avaaz e da Fundação Tide Setubal, mostrou que, dentre aqueles com até 18 anos e sem título de eleitor, 82% pretendem tirar o documento para votar em outubro.

A maior fatia (29%) está motivada a fazê-lo por considerar que “o momento político é preocupante”. Apenas 2% disseram que não pretendem tirar o título de eleitor “porque o meu voto não fará diferença”.

O Ipec – empresa criada por ex-funcionários do Ibope – ouviu, em setembro passado, 1.008 jovens de 16 a 34 anos. A faixa etária representa 50,7 milhões de eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na contramão do interesse por política, o levantamento apontou que apenas 4% dos jovens ouvidos disseram “confiar muito” nos partidos, 41% afirmaram “confiar pouco” e 51% responderam “não confiar”.

Considerada um dos espaços alternativos onde jovens falam de política, a igreja foi essencial na formação da jornalista Luciana Petersen, de 24 anos, que hoje conduz um projeto social voltado para mulheres evangélicas. Na comunidade da Igreja Batista que ela frequenta sempre houve discussões sobre o tema – como a necessidade de escolher bons representantes, por exemplo.

“Mas era num sentido bem menos partidário do que o que se tornou em 2018”, disse a jovem, que mora em São João del-Rei (MG). “Em 2018, muitas denominações adotaram o bolsonarismo como uma religião. Vi igrejas apoiando Jair Bolsonaro como se fosse Messias. Gente falando que cristão de verdade só votaria nele e coisas assim”, afirmou a jornalista, que é filha de um pastor.

Luciana disse, ainda, que hoje enfrenta menos resistência ao discutir temas como o feminismo. “Eu sou a feminista crente. Então, hoje, não brigam muito comigo. Inclusive algumas portas foram abertas, de falar em igrejas sobre isso”, afirmou a jovem.

‘Aprender’

Na avaliação da coordenadora sênior de campanhas da Avaaz, Nana Queiroz, uma das consequências da “fuga” dos jovens da discussão política nas redes sociais é impedir que eles cometam erros e aproveitem o aspecto positivo do “efeito Anitta”, que é aprender.

“O que acontece é que esses jovens entram na arena para debater e não necessariamente sabem que, se eles usarem o termo ‘o travesti’ em vez de ‘a travesti’, por exemplo, eles vão ser ridicularizados. Há alguns anos, eu também comecei falando ‘o travesti’. E aí alguém foi lá e me avisou que não era adequado, e eu aprendi. Pedi desculpa pelo meu erro”, afirmou Nana.

Debate

Para a coordenadora da Avaaz, todo jovem deveria passar pelo que a cantora Anitta passou ao falar de política nas redes sociais. “Errar, ser corrigido e aprender. O problema não é estarmos criando um vocabulário mais inclusivo, mas, sim, como isto está sendo implementado. Com castigo, punição e medo, em vez de convidar para o debate. Estamos tirando dos jovens a possibilidade do ‘efeito Anitta’. Que é a possibilidade de fazer perguntas óbvias, de errar, de pedir desculpa, de mudar de ideia. Tudo isso é saudável para o debate político”, observou Nana, que é jornalista, ativista dos direitos das mulheres e autora do livro Os Meninos São a Cura do Machismo.

Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul

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