
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O médico Shakespeare Novaes Cavalcante de Melo se tornou réu por homicídio culposo na Justiça do Distrito Federal, devido à morte de um bebê horas após o parto. O caso ocorreu em uma maternidade particular no Sudoeste, em 2021.
O Ministério Público entendeu que houve negligência na atual do profissional. A investigação apontou que o menino sofreu um traumatismo craniano depois que o médico inseriu uma ferramenta, conhecida como vácuo extrator, para tentar retirá-lo do útero da mãe. A família afirma que o parto foi “assustador”.
Em nota, o médico afirma que “lamenta profundamente o caso”, e que “sempre pautou o trabalho com base na aplicação de técnicas e métodos amplamente conhecidos no meio científico”. Shakespeare Novaes diz que será comprovado que ele “não agiu com negligência, imprudência ou imperícia”.
A mãe do bebê, Beatriz Mendonça, deu entrada na unidade já em trabalho de parto, e a médica plantonista que a atendeu indicou que deveria ser feita uma cesariana. No entanto, segundo a família, o médico Shakespeare Novaes insistiu que induziria um parto normal.
Durante o procedimento, ele usou um vácuo extrator para sugar o bebê, de dentro do útero, pela cabeça. De acordo com o pai, Paulo Neto, o procedimento assustou a família.
Imagem ilustrativa de um vácuo extrator — Foto: TV Globo/Reprodução
“Depois de muitas tentativas e posições, enfim, um estampido muito forte. Um barulho muito forte, como se fosse um desentupidor de pia mesmo. Eu orava nessa hora, eu não conseguia reagir”, conta Paulo.
Mesmo assim, não foi possível retirar o bebê, e o médico acabou optando por uma cesariana de emergência. Bernardo nasceu, mas em seguida foi intubado e encaminhado para a unidade de tratamento intensivo (UTI).
“Naquele momento, parece que meu mundo parou”, afirma o pai do bebê.
Bernardo morreu 13 horas após o parto. De acordo com a família, o médico disse que a causa da morte foi parada cardíaca, mas Paulo desconfiou da versão, e pediu a necropsia do corpo do filho, no Instituto Médico Legal (IML).
O laudo do IML apontou que o bebê morreu por asfixia por sofrimento fetal agudo, e por traumatismo cranioencefálico, causado pelo uso do vácuo extrator.
Laudo do IML sobre morte do bebê Bernardo — Foto: TV Globo/Reprodução
Os pais de Bernardo registraram um boletim de ocorrência contra o obstetra, na 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro, por erro médico.
De acordo com um parecer da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde, por causa da posição em que o bebê estava “havia uma contraindicação absoluta para o uso do vácuo extrator”, que gerou um “tocotraumatismo”, um tipo de lesão causada pelo trabalho de parto, “que foi determinante para o óbito de Bernardo”.
Shakespeare Novaes Cavalcante de Melo também responde a outro processo no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), em que os autores alegam que ele cometeu um erro médico durante o parto, que causou deficiências e problemas de saúde em um bebê. O caso está na 2ª Vara Cível de Samambaia.
Para Paulo Neto, a vida do filho serviu como uma lição. “Acho que essa é a maior lição que o Bernardo deixou pra gente. Porque nosso filho não vai voltar. A gente tem consciência disso todos os dias. Mas ele, a memória dele, vai ser lembrada pra que outros pais não passem pelo que a gente passou”, diz.
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