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Estudo mostra aumento do coronavírus em arroios da Grande Porto Alegre

No terceiro boletim de monitoramento ambiental do vírus que transmite a Covid-19 nos esgotos do Rio Grande do Sul, divulgado pelo Cevs (Centro Estadual de Vigilância Ambiental) na última semana, foi constatado um aumento de cópias virais em arroios e em ETE (estações de tratamento de esgoto) em Porto Alegre, Região Metropolitana e Vale do Sinos.

De acordo com a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental do Cevs, Aline Campos, a pesquisa apontou uma elevada concentração do vírus nos arroios, chegando a ser, em alguns locais, maior do que a encontrada em algumas estações de tratamento. Ela considera isso grave: quer dizer que existe uma quantidade significativa de esgoto cloacal que chega nestes arroios.

“Precisamos com urgência ampliar o saneamento e a rede de tratamento dos nossos esgotos”, explicou. “Uma grande parte da população vive diretamente em contato com essas águas que, além do Sars-CoV-2, podem conter diversos outros vírus e bactérias”, avalia. Aline ressalta que ainda não há nenhum indício que mostre a contaminação pelo vírus por meio da água. “Porém, existem outros micro-organismos e parasitas que são transmissíveis dessa forma”, completa.

O novo boletim publicado reafirma o que os pesquisadores vêm analisando: o aumento da detecção do vírus nas águas de esgoto conforme o avanço da pandemia e o aumento no número de casos. Em Porto Alegre, é possível verificar um crescimento gradativo no percentual de amostras positivas, sendo 12,5% entre 10 e 16 de maio; 42,9% na primeira semana de junho; 83,3% no final de junho; 40% entre 5 e 11 de julho; chegando a 100% na segunda metade de julho.

A maior carga viral foi detectada no município de Novo Hamburgo, na ETE Mundo Novo e no arroio Pampa/rio dos Sinos. Nesta etapa, também foram recolhidas amostras de água das ETEs da Corsan nas cidades de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas e Gravataí, com resultados positivos em todos os municípios.

A pesquisa é inédita no Estado e conta com parceria de diversas instituições, como Comusa (Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo), Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre), Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), Fiocruz-RJ (Fundação Oswaldo Cruz), Secretaria Municipal de Saúde de Novo Hamburgo, Smams (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade de Porto Alegre), Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto de São Leopoldo), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Universidade Feevale.

A professora do mestrado em Virologia da Feevale Caroline Rigotto, uma das coordenadoras do projeto, ressalta que o grupo já está trabalhando no projeto de expansão da pesquisa. “Estamos pensando em pontos estratégicos, como comunidades em vulnerabilidade social e com déficit de esgotamento sanitário”, afirma. Elacrescenta que a epidemiologia baseada em esgoto é uma ferramenta que foi bem aceita e, provavelmente, se estenderá a médio e longo prazos, auxiliando no monitoramento e antecedendo surtos isolados.

Análises

As amostras de água coletadas de estações de tratamento, de efluentes hospitalares e de pontos de captação de água bruta passam por análise molecular para definir a ocorrência e quantificação do RNA viral do coronavírus. Planeja-se estender o monitoramento por dez meses, permitindo acompanhar a ocorrência e distribuição do vírus ao longo da epidemia e das diferentes sazonalidades.

Aline Campos, da Divisão de Vigilância Ambiental, diz que esse estudo está em andamento também em Minas Gerais, São Paulo e em países como Austrália, Holanda e Itália. Nesses lugares, é possível apontar um aumento da presença do coronavírus nos esgotos conforme aumenta o número de casos confirmados da Covid-19 no local, o que vem se confirmando também no Rio Grande do Sul. A realidade do Estado, porém, é bem diversa desses lugares e deve ser levada em consideração na pesquisa.

Fonte: Foto: Manuel Loncan/Fepam/Arquivo, Redação O Sul

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