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“Eu sobrevivi à covid, mas peço que se cuidem”, diz camaquense que esteve internada por complicações da doença

Na última semana, correu pelas redes sociais o relato de uma moradora de Camaquã que contraiu a covid-19. Erli Janke Dumer, de 36 anos, resolveu contar, através de seu perfil no Facebook, os derradeiros dias desde quando foi internada no hospital com suspeita da doença, passando pelos momentos em que o vírus complicou bastante seu quadro de saúde, até o dia em que, por fim, recebeu alta. O portal de notícias Blog do Juares (BJ) conversou com Erli e teve acesso a mais informações sobre como está a vida dela após ser uma das pessoas infectadas pelo novo coronavírus no município e vencer a batalha contra a covid-19.

A servidora pública afirmou que deu entrada no Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) com suspeita a doença no dia 16 de julho. Porém, os primeiros sintomas apareceram três dias antes. “No dia 13, apareceu o primeiro sintoma, uma tosse seca, e dor no peito principalmente quando eu enchia o peito com ar”, escreveu Erli. Mas ela estava há 13 dias cuidando da avó, de 91 anos, que havia internado no hospital por complicações respiratórias e veio a falecer neste mesmo dia.

“Não sabia que era aquele dia que a minha vó partiria… Mas tive medo de ser convidada pra não cuidar da minha vó, e não ter ninguém pra cuidar dela… Infelizmente, no meio da tarde minha vó veio ao óbito, ali estava no meio do caos da perda de alguém que muito amo… Organizar o velório, ver pastor dela, funerária, cemitério e tudo que esse momento nós força…. Passei a noite na funerária, junto meu irmão e minha cunhada… Havia tomado um calmante da minha mãe, pra aguentar a dor da alma”, contou.

Erli alega que começou a sentir muitos calafrios durante a noite, no cemitério, mas que ignorou, pois estava muito frio. No entanto, ao chegar em casa, mediu sua temperatura e viu que estava com 38,3°C de febre, além da tosse que ficava cada vez mais persistente, a dor para respirar era muito forte, como também sentia uma pressão muito forte na cabeça e não tinha fome.

“Muito cansaço, dor pra respirar só aumentava, mas nunca foi falta de ar… À noite, decidi que no outro dia ia procurar a epidemiologia pra fazer o teste pra covid, pois ali eu percebi que era mais que uma gripizinha”. A Vigilância em Saúde marcou o teste rápido para 10 dias após o primeiro sintoma, como mandava o protocolo da Secretaria Estadual da Saúde (SES) na ocasião. “Mas aquela dor pra respirar estava aumentando muito… E o medo de estar com o vírus, ter familiar dentro da minha casa, que são mais vulneráveis”, relatou Eli. A preocupação dela era com a mãe idosa e a filha, portadora de necessidades especiais, ambas em grupos de risco da covid-19.

Na continuação do seu relato, Erli alega ter ido ao Pronto Socorro, onde foi atendida no setor Respiratório e passou por exames de laboratório, inclusive gasometria (para medir o níveis de gases na circulação sanguínea através da veia arterial) e tomografia, que apontou um comprometimento de 50% do pulmão. Foi quando teve de ser internada na Ala Covid do HNSA e coletou material genético para teste RT-PCR. Neste momento, ela ficou isolada da família e isso a deixou apavorada. “Esse vírus é louco, já me vi até em uma UTI entubada, juro. […] Pois a lesão pulmonar era grande e eu podia ficar pior… E o pior que fui ficando pior. […] Eu puxava muito o ar pra falar”, relembrou.

No dia seguinte à hospitalização, ao ser atendida por um médico plantonista do HNSA, Erli soube que seu estado de saúde era delicado, pois apresentava dispneia (falta de ar). “O médico me explicou se me quadro evoluísse ele ia me mandar pra fora de Camaquã, precisasse de UTI eu ia, porque era jovem tinha que ter todo o investimento pra minha reabilitação, isso aumentou a minha ansiedade, eu não tinha ansiedade antes não”, afirmou. Neste momento, Erli disse que o médico propôs a ela o uso de Hidroxicloquina em seu tratamento. “Eu olhei com uma cara de sei lá tu é o médico, tu que sabe… Ele me explicou e eu aceitei a tomar, o máximo que ia acontecer era morrer do coração, mas isso qualquer outro remédio pode ter efeito colateral… No outro dia ansiedade tava a mil, uma dor no coração, a dor pra respirar piorou”, escreveu.

Os sintomas da covid foram aumentando em Erli: cansaço, diarréia, náuseas, dor e dificuladade para respirar, além de muita dor nas articulações. “Esse foi o dia que quem tinha contato pelo Whats(App) comigo, ficaram apavorados comigo, eu puxava muito o ar pra falar, era muito esforço, eu dormia muito devido o Clonazepam que eu tomava 3 vezes ao dia… Estava muito triste… No outro dia tinha esforço e já estava melhor consegui sair do oxigênio no outro dia, e depois de 24 horas sem uso do oxigênio, tive alta hospitalar, o medo do médico era me dar alta, e ter falsa piora, mas o medo de pegar outra coisa no hospital também era grande… Fui pra casa”.

A servidora pública afirma que aos poucos tem retomado sua vida, mas que os efeitos da covid-19 ainda se refletem em seu organismo. “Com muita dor na articulações tenho até hoje (28), uma semana já dá alta… Dores de barriga, diarréia, náuseas, dor de cabeça, dor pra respirar, cansaço, tosse seca.. Mas a dois dias voltei a sorrir… Vim pra casa com recomendação de usar Dexatametosa por 30 dias, devido a lesão pulmonar, refazer o exame em 30 dias do primeiro sintoma, no laboratório da minha confiança, espero que o Ipê cubra… E procurar um pneumo(logista), já agendei consulta pro dia 04/08 no Labsono no (Hospital) Mãe de Deus Center, em POA, pelo Ipê. […] Posso dizer que o vírus não pegou só o meu pulmão, pegou o psicológico, o gastroentestinal… A gente fica muito triste, com muito medo… Eu sou jovem pro vírus, mas ele nem quis saber, ele veio com tudo. […] Vou pegar a tomo e o exame na sexta (31) pra levar pra POA, mostrar pra quem não acredita que o vírus e existe… Ele existe”, escreveu.

O resultado positivo do teste RT-PCR veio somente no dia 24 de julho, quando Erli já estava de alta hospitalar. Ela acredita que tenha contraído o vírus quando cuidava da avó no hospital, mas que não pode afirmar com certeza. Mesmo tomando todos os cuidados sanitários orientados pelos órgãos de saúde, a servidora pública disse que foi mais uma vítima do novo coronavírus e pediu para que as pessoas acreditem na letalidade da covid-19 e se cuidem mais.

“O único fato que senti na pele que esse vírus ele é do mal… Não desejo a ninguém o que eu passei, e ainda estou passando… Pensa num vírus que destrói a saúde, se você assim como eu consegue sobreviver a ele. […] EU SOBREVIVI AO COVID, ele me mudou…. Mas peço que se cuidem, por favor não saem (saiam) fazendo junção… O comércio tá sendo muito prejudicado pela população que não pensa nem no seu emprego…. A população não tá nem aí pros profissionais da saúde, que na nossa cidade tem muitos doentes. Para coisa não ficar mais feia, empatia fiquem em casa quem pode… Deixamos os médicos serem médicos, parem de achar curas milagrosas, acreditamos nós médicos que estudam e dão duro pra cuidar de todos… Vamos respeitar…. Usar máscara é sinônimo de amor e respeito”, salientou.

Após quase um mês, Erli pôde rever a filha e os demais familiares e amigos de quem se afastou já no início de julho, quando começou a cuidar de sua avó no hospital e, posteriormente, emendou com o período de internação por conta da covid-19. O relato e vídeos do reencontro com a família tiveram centenas de reações e comentários na rede social. Todavia, a pretensão de Erli com tudo isso é alertar quem puder sobre do que a doença é capaz.

“O vírus ele é real, e tá aí com mais de 300 positivos pra Camaquã com 8 óbitos confirmados, pois eu acredito até tem mais que 8… Eu louvo a Deus que a minha família não apresentou sintoma nenhum… Vamos nos cuidar por amor… Cada paciente é o amor de alguém, da sua mãe, seus filhos… Por favor precisamos manter a calma, e sermos consciente… Não é hora de passear no centro… Se precisar liga pede pelo Whats(App). Faz pesquisa por telefone…. Evitem de circular…. Uma pessoa por família no mercado…. O mercado aqui é pelo Whats(App)… Tem como a gente se cuidar… Podemos sim todos vencer esse vírus.. nao tá na hora de ir pra praça, pra Prainha… churrascada na casa dos amigos, futebol… Tá na hora de cuidar da saúde pra não virar um caos… Agosto tá chegando e com ele a super lotação dos hospitais… julho e agosto é (são) os meses que mais tem óbitos por problemas respiratórios”, concluiu.

Fonte; Blog do Juares

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