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Região metropolitana concentra mais de 60% das internações por Covid-19 em UTIs no RS

A região Metropolitana concentra mais de 60% dos pacientes com Covid-19 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Rio Grande do Sul. Conforme monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), são 668 internações de casos confirmados da doença em UTIs adulto do Estado, sendo que 404 (60,47%) deles está na região Metropolitana. Além disso, entre os suspeitos a localidade também concentra a maior parte das internações, sendo 120 em UTIs adulto do total de 205 no Estado.

A taxa de ocupação geral das UTIs adulto no Rio Grande do Sul era de 76,9% na tarde desta quarta-feira e, da região Metropolitana, 82,2%. Em Porto Alegre a taxa de ocupação das UTIs adulto na tarde de quarta era de 90,27%, sendo que dos 696 pacientes, 354 estavam relacionados com a Covid-19, o que representava 50,86% do total de internações: 304 confirmados e 50 suspeitos. Além disso, 16 com diagnóstico positivo da doença estavam em emergências dos hospitais aguardando leitos de UTI, totalizando 370.

A epidemiologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Jeruza Neyeloff, ressalta que a situação é bastante dramática para as equipes que vêm lidando com isso. “Não só pela demanda alta, mas o problema de manter o número de leitos de UTIs estamos trabalhando com todas as equipes no limite. Estamos com 95 leitos dedicados à Covid-19 e trabalhamos com a lotação no limite, que é uma situação de muito estresse para os funcionários”, declara.

De acordo com Jeruza, é preciso ter leito de UTI disponível para quando os pacientes que já estão internados no hospital precisarem. “Tem muita demanda e ela é volátil, aqueles que estão estáveis rapidamente podem estar em estado grave”, afirma. Além disso, ela comenta que estamos caminhando para uma possibilidade de colapso do sistema hospitalar. “Se não tivermos leitos para atender as pessoas, com certeza o desfecho da doença é muito pior”, enfatiza.

A letalidade registrada da doença no Estado é de 2,5% e a letalidade real estimada, considerando os casos que a gente não tem notificação, seria de 1,5%. “Se não tivermos como tratar essas pessoas com todo o recurso tecnológico necessário, as pessoas vão morrer”, reitera, lembrando que ninguém gostaria de ter um familiar em uma Unidade de Pronto Atendimento sem possibilidade de transferência para um hospital por não ter leitos disponíveis. “Muitas vezes o médico que precisa fazer a decisão de aceite ou não do paciente e tem que dizer não, e isso pesa para todos nós”, destaca.

A situação atual, segundo Jeruza, é incomparável. “É algo completamente diferente. Todos os anos temos algum aumento de aporte na emergência e nas UTIs, mas esse ano temos 95 leitos dedicados a este enfrentamento, que estão absolutamente lotados. A cidade de Porto Alegre já disponibilizou quase 300 leitos para atendimento exclusivo da Covid-19 e todos eles estão lotados”, reforça, lembrando que a aparente estabilidade da curva que temos visto pode ser porque temos um “teto” de leitos. “Há previsão de abertura novos leitos ainda, mas estamos chegando perto do limite de ampliação”, diz.

Além disso, Jeruza ainda reforça que não se trata somente de abertura de leitos e do estresse das equipes de saúde, mas também do controle de insumos e equipamentos para garantir as internações. “Tudo isso gera muita tensão, estamos fazendo esforços imensuráveis, é muito trabalho para que possamos prestar esse cuidado que está sendo de excelência sempre, mas as equipes, os gestores, os medicamentos, os equipamentos, estão todos no limite”, pontua.

Os pacientes do novo coronavírus, conforme Jeruza, ficam graves muito rapidamente e precisam de muitos recursos para que possam ter uma chance de sobreviver. “Quanto mais casos a gente tiver, por mais que a maioria seja leve, isso significa que serão também muitos mais casos graves, e essas pessoas correm risco de não receber atendimento se a demanda continuar subindo dessa forma. Então infelizmente nós acreditamos que só controlando o número de casos a gente vai poder passar por isso, se não a situação pode se encaminhar para algo muito dramático”, pontua.

 

Fonte: Foto: Ricardo Giusti, Jessica Hubler, Correio do Povo

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