“É uma situação excepcional, ligada a uma questão de saúde pública”, explicou à AFP Paul Dietschy, historiador especializado em futebol, distinguindo a atual situação com as suspensões do passado, ligadas a conflitos bélicos. “O que diferencia é a temporalidade. A crise atual chega ao fim do inverno (europeu), que é um momento crucial para as competições. Já durante a primeira Guerra Mundial (1914-1918) chegou entre duas temporadas”, explicou.
É o mesmo caso da Copa do Mundo de 1942, que nunca foi atribuída a alguma sede devido à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), um conflito que também provocou o cancelamento das edições de 1940 e 1944 dos Jogos Olímpicos. Com a exceção da Inglaterra, os principais campeonatos europeus continuaram suas atividades durante esse período. Exceto na temporada 1939-1940, devido à invasão alemã do país, na França o campeonato sempre foi disputado. Na Itália, houve futebol até 1943 (a competição voltou em 1945) e, na Alemanha, até 1944 (voltou em 1947).
“Havia uma vontade de animar as pessoas, de se divertir, até que não foi mais possível. A ideia para as autoridades era mostrar que a situação estava controlada, normal”, explicou Dietschy. É preciso voltar até os tempos da Primeira Guerra Mundial para ver os grandes países do futebol se privarem da bola por vários anos, mas, naquela época, o esporte “não estava desenvolvido como em 1939 ou hoje”. “O sentimento patriótico também era muito forte, o que facilitava na decisão de suspender as atividades”, completou o historiador. Na Itália, o início da temporada 1973-1974 foi adiado devido a um surto de cólera em Nápoles, mas nada que se possa comparar à atual pandemia do coronavírus.
Fonte: Correio do Povo