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Investigação mira compras de carros BMW, Mercedes e Ferrari por facção criminosa

A morte de Rafael Maeda Pires, o Japonês do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi o ponto de partida para a polícia investigar as lojas de carros do Tatuapé sob a suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Em um ano de investigações, cerca de 500 transações com veículos avaliados entre R$ 200 mil e R$ 4 milhões feitas nos últimos três anos estão sendo examinadas pela Receita Federal, Ministério Público Estadual e Polícia Civil.

Somadas, essas operações teriam movimentado até R$ 130 milhões. O dinheiro do crime organizado também tem financiado a compra de imóveis em prédios de alto luxo e até fintechs em área nobre do Tatuapé, zona leste de São Paulo.

A equipe do 30º Distrito Policial (Tatuapé) chegou à garagem de um prédio comercial em 4 maio de 2023. A vítima estava dentro de um Toyota Corolla preto, blindado. Ao seu lado, a pistola calibre 9 mm com uma cápsula deflagrada. A porta estava aberta e o motor, ligado. No chão, ao lado do motorista, 18 bitucas de cigarro. O cenário parecia ser o de um suicídio, inclusive pela mensagem que o homem que jazia no carro havia mandado para a mulher uma hora antes.

No para-brisa, um adesivo de uma loja de carros, que levaria os policiais a outra descoberta importante sobre o modo de vida dos criminosos no Tatuapé: o comércio de compra e venda de carros de luxo para a ocultação de bens de traficantes de drogas.

O adesivo era de uma loja que se tornou o primeiro alvo dos investigadores do 30º DP. Foi para lá que o delegado Marcos Galli Casseb enviou seus homens no dia 27 de julho de 2023. Saíram de lá com 55 carros, entre eles havia Ferrari, Porsche, Mercedes e uma McLaren avaliada em quase R$ 2,4 milhões. Todos estavam supostamente na loja deixados em consignação pelos donos dos carros, que aguardariam a venda dos veículos.

Um ano depois, o delegado Casseb ainda mantinha bloqueados 18 dos veículos. É que nenhum de seus proprietários foi à delegacia reclamar o carro. Entre eles estava a McLaren 540C, seis Mercedes (modelos AMG, 540, C-180 e C-250)s, sete BMWs (modelos Z4, 320i e X320), dois Land Rover Evoque e dois Audi (um Q5 e um RS6).

Durante meses os policiais reuniram provas para montar a segunda fase da operação, que atingiu a loja Imperial, também no Tatuapé. Desta vez, apanharam 31 veículos de luxo.

Era dia 8 de abril. Um dia depois, outra loja no Tatuapé, foi alvo da Operação Fim da Linha, que investiga a captura do sistema de transporte público de São Paulo pelo PCC. Ali os agentes da Receita Federal apreenderam um arquivo com 350 registros de compra e venda de veículos nos últimos três anos.

A Delegacia de Fraudes Estruturadas, da Receita, fez cópia de toda a documentação e agora se debruça sobre os dados dos documentos. Ali estão os nomes dos verdadeiros donos dos carros, a identidade de quem foi apanhar o veículo e em nome de quem Lamborghinis e outros carros – a Receita estabeleceu como “linha de corte”, os veículos avaliados em mais de R$ 300 mil.

A loja venderia o bem, mas não passaria para o nome do verdadeiro dono. Todos os indícios são no sentido de que o esquema servia para ocultar o patrimônio de quem não tinha como justificar o sinal exterior de riqueza.

“Além de ocultar o patrimônio, os carros são uma forma de ‘guardar’ o dinheiro da organização criminosa, que podem dispor deles segundo suas necessidades”, afirmou o promotor Fábio Bechara, do Grupo de Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Outros dos três setores em que a facção concentraria a lavagem de seus recursos seriam o dos restaurantes, o dos estacionamentos e o dos postos de gasolina. Para tanto, ela estaria usando uma maquinha de cartão que transfere os recursos dos clientes dos estabelecimentos para contas de empresas de fachada.

O comerciante ficaria não só com os valores da venda, bem como deixaria de recolher os impostos. Em troca, entregaria uma parte dos valores que deveria pagar ao governo à facção. Esses estabelecimentos concorrem de forma desleal com os comerciantes de cada setor.

Quando são descobertos, normalmente estão registrados em nomes de laranjas, assim como as fintechs que movimentam os recursos da facção. “É todo um ecossistema criminoso”, afirmou o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco.

As informações são do portal de notícias Estadão.

Fonte: Foto: Receita Federal, Redação O Sul

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