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O novo coronavírus, que fez nove mortos e infectou centenas de pessoas na China, pode sofrer mutações e se espalhar com mais facilidade, alertaram as autoridades nesta quarta-feira, exacerbando a preocupação global após o relato de um primeiro caso nos Estados Unidos. Esse primeiro caso de contaminação fora da Ásia ocorre no momento em que um comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) deve se reunir a partir das 18h (15h de Brasília) para determinar se deve declarar uma “emergência de saúde pública de alcance internacional”.
Em uma coletiva de imprensa em Pequim, o vice-ministro chinês da Comissão Nacional da Saúde, Li Bin, disse que o vírus foi diagnosticado em 440 pacientes. O vírus, que é transmitido pelo trato respiratório, “pode sofrer mutações e se espalhar mais facilmente”, disse ele, enquanto centenas de milhões de chineses devem viajar pelo país por ocasião do feriado do Ano Novo Lunar, que começa na sexta-feira. Depois de aparentemente ignorar a epidemia que surgiu no mês passado, os chineses pareciam estar cientes do risco nas principais cidades do país, onde muitos moradores usavam máscaras respiratórias.
Em uma farmácia de Pequim, uma funcionária explicou aos clientes que não tinha mais máscaras nem produtos desinfetantes para vender. “Os estoques zeraram por causa do que está acontecendo em Wuhan. Quando o número de casos chegou perto de 300, as pessoas perceberam que era sério”, disse ela.
Quase metade das províncias do país está em alerta, incluindo megalópoles como Xangai e Pequim. Também foi detectado um caso em Macau, capital mundial dos jogos de azar, onde os funcionários dos cassinos são obrigados a usar máscaras. Repetindo um pedido do presidente Xi Jinping para “deter” a epidemia, Li anunciou medidas preventivas, como ventilação e desinfecção em aeroportos, estações ferroviárias e shopping centers. Sensores de temperatura corporal também serão instalados em locais movimentados, disse ele. Muitos países com ligações aéreas diretas ou indiretas com Wuhan, cidade onde a doença surgiu, reforçaram o controle de passageiros, tirando proveito de sua experiência com a epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2002-2003, um vírus da mesma família.
Depois do Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Taiwan, os Estados Unidos anunciaram o primeiro caso da doença na terça-feira. Trata-se de um homem na casa dos trinta anos, natural de Wuhan e que mora perto de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos. Ele chegou em 15 de janeiro sem febre no aeroporto de Seattle, e entrou, por conta própria, em contato com os serviços de saúde após o aparecimento dos primeiros sintomas. Foi hospitalizado por precaução e permanecerá em confinamento solitário por pelo menos mais 48 horas, segundo as autoridades sanitárias.
Até o momento, a OMS usou o termo “emergência de saúde pública de alcance internacional”apenas em casos raros de epidemias que exigem uma vigorosa resposta internacional, incluindo a gripe suína H1N1 em 2009, o vírus zika em 2016 e a febre ebola, que devastou parte da população da África Ocidental de 2014 a 2016 e a RDC desde 2018. O vírus foi detectado em dezembro em Wuhan, uma megalópole de 11 milhões de pessoas, em um mercado de peixes e frutos do mar. Ainda se desconhece sua origem exata ou o período de incubação.
Vendas ilegais de animais silvestres estavam ocorrendo no mercado, segundo declarou nesta quarta-feira o diretor do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, Gao Fu. Ele, porém, não foi capaz de afirmar se esta era a origem da epidemia. O prefeito da cidade sugeriu que as pessoas não viagem a Wuhan se não for necessário e que os moradores não deixem o local. A cepa é um novo tipo de coronavírus, uma família com um grande número de vírus. Eles podem causar doenças leves nos seres humanos (como um resfriado), mas também outras mais graves, como SRAS.
Fonte: Foto: Hector Retamal / AFP / CP, AFP, Correio do Povo