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Autoridades gaúchas manifestam apoio ao cantor Seu Jorge, alvo de ofensas racistas em Porto Alegre

Em meio à repercussão dos relatos de ofensas racistas ao cantor carioca Seu Jorge durante show em Porto Alegre, autoridades gaúchas se solidarizaram com o artista. O governador pediu desculpas diretamente ao músico, em telefonema nesta terça-feira (18), enquanto a secretária estadual da Cultura emitiu nota de repúdio e o prefeito da Capital postou mensagem nas redes sociais.

Falando em nome de todos os cidadãos do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior conversou com o cantor durante mais de 15 minutos, à tarde. Antes, ele já havia declarado que a Polícia Civil está trabalhando para chegar aos responsáveis pela injúria racial, cometida em uma apresentação do músico no Grêmio Náutico União, na noite de sexta-feira (14).

A titular da pasta estadual da Cultura, Beatriz Araujo, publicou um texto cujos principais trechos dizem o seguinte: “Vivemos um momento muito difícil na história de nosso Estado, com dias de intolerância e desumanidade. São inaceitáveis as agressões sofridas por Seu Jorge, um dos maiores artistas brasileiros (…). Reafirmamos o compromisso com o combate ao preconceito e ao racismo estrutural em nosso território”.

Já o chefe do Executivo na capital gaúcha, Sebastião Melo, se manifestou por meio do Twitter: “Desembarquei há pouco em Porto Alegre [vindo de evento no Rio de Janeiro] (…) Reforço meu pleno repúdio a qualquer tipo de racismo, que é crime. Confiaremos na apuração policial dos fatos”.

Quem também se manifestou foi o ex-governador Eduardo Leite, candidato a um novo mandato neste segundo turno. Em vídeo no Instagram, ele lamentou o incidente:

“Minha solidariedade ao Seu Jorge, que respondeu à agressão sofrida com grandeza. Respeito e me somo à luta dele e à luta de todos aqueles que se insurgem contra o preconceito. Precisamos trabalhar mais ainda para combater a violência racial e avançarmos como sociedade”.

Investigação

Conforme a Delegacia de Combate à Intolerância, há um vídeo no qual se pode perceber pessoas chamando Seu Jorge de “macaco”, “negro vagabundo” e outros adjetivos de cunho claramente discriminatório e ofensivo, em represália de parte da plateia a uma fala do artista, ainda no palco, sobre questões político-sociais.

Também estão sendo ouvidas testemunhas e requisitados registros de câmeras internas do clube, localizado no bairro Moinhos de Vento. De acordo com relatos, o artista foi alvo de ofensas depois de chamar ao palco o cavaquinista Pedrinho da Serrinha, de 15 anos e também negro, para acompanhá-lo no bis.

Ao discursar sobre suas ideias acerca das questões econômicas enfrentadas no País pelos jovens afrodescendentes e se manifestar contra a redução da maioridade penal, o cantor teria sido hostilizado, abreviando então sua performance.

Após a repercussão do fato, a direção do clube que promoveu o show publicou nota oficial informando que o caso está sendo apurado internamente e prometeu responsabilizar os envolvidos se o crime for devidamente provado. O clube ainda ressaltou que “Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar o show com a presença de associados e não associados, considerando sua representatividade na cultural nacional e pelo reconhecimento internacional”.

O GNU também destacou seu “respeito ao profissional e ao seu trabalho”. O presidente do União, Paulo José Kolberg Bing, está na lista dos que prestarão depoimento.

Artista se manifesta

Na noite de segunda-feira (17), o músico de 52 anos postou nas redes sociais um vídeo de 9 minutos, no qual dá a sua versão sobre o caso. Sentado em um palco com a bandeira do Rio Grande do Sul projetada ao fundo, ele confirmou os xingamentos e repudiou o que considera “ódio gratuito” e “grosseria racista”.

Seu Jorge também questionou a ausência de negros entre os espectadores e agradeceu ao apoio recebido em todo o País, inclusive por parte de porto-alegrenses que repudiaram o incidente:

“Ao povo negro de toda a Região Sul, quero dizer que amo todos vocês, admiro e respeito. E digo também que estamos mais unidos do que nunca. Vamos vencer essa guerra que segrega nosso povo à miséria e à falta de oportunidades”.

(Marcello Campos)

Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul

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