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Terminou na sexta-feira (10), com o interrogatório de três dos seis réus, a fase de instrução do processo criminal que apura as responsabilidades pela morte de João Alberto Silveira Freitas, o Beto, de 40 anos, ocorrida na unidade do Carrefour localizada no bairro Passo D’Areia, na Zona Norte de Porto Alegre, em 19 de novembro de 2020.
Presidida pela juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, a audiência foi realizada no Foro Central I, na Capital. Foi aberto prazo de cinco dias consecutivos para cada uma das partes – Ministério Público, responsável pela acusação, assistência de acusação e as defesas dos réus – apresentarem as alegações finais, por escrito.
Vencida essa etapa, a magistrada poderá decidir se os acusados irão ou não a júri. Durante a instrução, quase 60 testemunhas foram ouvidas.
Interrogatórios
Do trio de réus ouvidos na sexta, Kleiton Silva Santos e Paulo Francisco da Silva responderam a perguntas apenas da magistrada e de suas próprias defesas. Rafael Rezende respondeu a questões protocolares de identificação, mas preferiu se manter em silêncio a respeito dos fatos da acusação.
Santos era funcionário do Carrefour. Respondendo à magistrada, o réu disse que estava trabalhando na loja no dia do fato e foi ao local das agressões cumprindo ordens, ao ouvir uma gritaria no rádio com pedidos de reforço, e para chamar a Brigada Militar. Encontrou a vítima no chão e os colegas sujos de sangue. “Fui ajudar a conter, não sabia o que tinha acontecido”, afirmou. Ele disse que já não estava no local da confusão quando soube da morte de Beto.
Silva, por sua vez, disse que foi ao local da briga ao ouvir pedido de socorro pelo rádio. Ele era funcionário de uma empresa de segurança. O réu afirmou que viu a cena de imobilização de João Alberto no estacionamento e muita gente fazendo filmagens. “Minha parte foi afastar as pessoas, orientar que não fizesse”, declarou.
Ele contou que não tocou em Beto e não percebeu como se deu o desfecho das agressões, que culminaram na morte do homem negro.
Todos os réus respondem por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) com dolo eventual. Já interrogados anteriormente, Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva estão presos preventivamente. Adriana Alves Dutra cumpre prisão domiciliar. Os demais respondem ao processo em liberdade. A denúncia foi aceita pela Justiça no dia 18 de dezembro de 2020.
O crime
Beto, de 40 anos, foi espancado até a morte por dois seguranças após um desentendimento no caixa do supermercado. O crime aconteceu no estacionamento, após o homem dar um soco em um dos seguranças, conforme mostram imagens de câmeras de vigilância.
O IGP (Instituto-Geral de Perícias) confirmou que a causa da morte de Beto foi asfixia. Segundo a Polícia Civil, houve um exagero nas agressões impostas à vítima. A investigação concluiu que não ocorreu injúria racial, mas que a morte foi motivada por “racismo estrutural”.
Seis pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. O crime provocou manifestações contra o racismo e atos de vandalismo no supermercado e em outras unidades da rede.
Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul