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Em uma entrevista descontraída à emissora estatal italiana RAI, o papa Francisco disse que “não é santo”, falou da importância dos amigos e compartilhou seu gosto pelo tango, um dos símbolos culturais de seu país, a Argentina. Ele também mencionou trecho de uma música do cantor espanhol Joan Manuel Serrat, atribuindo-a por engano ao brasileiro Roberto Carlos.
O equívoco foi cometido quando o pontífice de 85 anos (completados no dia 17 de dezembro) respondia a uma pergunta sobre seus gostos musicais. Isso porque foi flagrado pela imprensa, no mês passado, durante visita a uma loja de discos em Roma.
Francisco, que tem feito da defesa de questões ambientais um dos pilares de seu pontificado, afirmou que despejar plástico em cursos de água “é criminoso” e precisa acabar se a humanidade quiser salvar o planeta: “Cuidar das gerações futuras é um processo de educação no qual todos precisam ter engajamento”.
Foi nesse momento que ele citou uma canção cuja letra fala de um menino que pergunta ao pai “por que o rio não canta mais” e ouve a resposta de que o rio deixou de existir. O papa atribuiu a música a Roberto Carlos, mas trata-se de “Pare”, gravada em 1973 pelo catalão Joan Manuel Serrat, hoje com 78 anos.
A entrevista foi concedida por videoconferência a partir do quarto de Francisco na Casa Santa Marta, uma espécie de hotel onde ele reside no Vaticano. Do outro lado da linha, o apresentador Fabio Fazio no programa televisivo “Che Tempo Che Fa” (“Como Está o Tempo”, em livre tradução para o português).
O apresentador o interrogou sobre muitas questões: guerras, migrantes, a proteção da criação, a relação entre pais e filhos, o mal e o sofrimento, a oração, o futuro da Igreja, a necessidade de amigos.
Tango
Revelando aspectos de sua vida não só como líder da Igreja Católica mas também como o homem Jorge Mario Bergoglio (seu nome até ser eleito para o comando do Vaticano, em 28 de fevereiro de 2013), ele contou que gosta principalmente de música clássica, embora seja fã do gênero popularizado por artistas como Carlos Gardel.
Questionado se chegou a dançar tango quando jovem, ele soltou uma laega risada antes de brincar com o comunicador: “Um portenho que não dança tango não é um portenho”. Ele se referia ao gentílico espanhol “porteño”, atribuído aos moradores da capital argentina.
Amigos
Em outro trecho da conversa televisiva, o papa declarou que “não é um santo” e que precisa estar perto das pessoas o máximo possível. Ele acrescentou ter “poucos, mas verdadeiros amigos” e que, por esse motivo, optou por não residir no alojamento originalmente destinado ao pontífice no Vaticano:
“Tenho amigos que me ajudam, eles conhecem a minha vida como um homem comum (…). Gosto de estar com eles, às vezes, para contar as minhas coisas e ouvir as deles. Essa é uma das razões pelas quais não moro no apartamento papal. Meus antecessores que lá estiveram eram santos, mas eu não sou tanto assim, preciso de relações humanas, por isso vivo no hotel Santa Marta, onde se encontram pessoas que falam com todos. É uma vida mais fácil para mim”.
Conflitos
Francisco também foi perguntado sobre as tensões entre a Ucrânia e a Rússia. Ele recorreu ao primeiro capítulo da Bíblica, o “Gênesis”, para falar do conflito entre os irmãos Caim e Abel: “Existe algo como um anti-senso da criação, por isso a guerra é sempre destruição. Trabalhar a terra, tomar conta dos filhos, manter uma família, fazer a sociedade crescer, isso é construir. Fazer a guerra é destruir. É uma mecânica de destruição”.
Ele também chamou de “criminoso” o tratamento reservado a milhares de migrantes ilegais. “Para chegar ao mar sofrem tanto… Quanto sofrem nas mãos dos traficantes aqueles que querem fugir! Arriscam-se e depois, por vezes, são rejeitados”.
Fonte: Foto: Reprodução, Redação O Sul