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Racismo em lojas atingiu negros de diversas idades e perfis em 2021 no Brasil

Dentre muitos acontecimentos, o ano de 2021 também foi marcado por denúncias de racismo no comércio no Brasil. Pouco antes de findar, mais um caso chocou a população: um homem negro foi retirado do banheiro do Shopping da Bahia, em Salvador, após ser acusado de furtar uma mochila que comprou na loja Zara, no último dia 28.

São relatos de situações, em sua maioria, em que os vendedores de lojas confundem clientes negros com bandidos.

Em abril, em São Paulo, a modelo e miss Carol Dias Tozaki relatou nas redes sociais ter sofrido preconceito racial no Shopping Iguatemi.

Carol disse que mora em Londres, na Inglaterra, e estava “supercontente” por estar em São Paulo, até que foi ao shopping na Zona Oeste da capital paulista comprar uma jaqueta de couro e se sentiu “coagida” por sua cor.

“Eu amo São Paulo, mas não tenho vontade de ficar aqui e morar aqui, porque aqui as pessoas são muito racistas e preconceituosas. Não importa se você tem dinheiro e se tem condição”, disse ela nas redes sociais.

Ainda em São Paulo, nos Jardins, área nobre da cidade, A artista plástica Tainá Lima relatou em uma postagem em sua rede social que foi vítima de racismo na loja Papel Craft, em dezembro.

A artista, que se apresenta como Criola, entrou na loja para comprar um papel de presente e perguntou para uma das atendentes sobre uma embalagem. A vendedora, então, quis saber o que seria embalado e Tainá retirou os presentes da bolsa. Segundo ela, foi nesse momento em que um segurança a abordou de forma agressiva, pedindo para que ela se retirasse da loja.

“Ele disse que eu não poderia vender nada na loja e, por isso, tinha que sair do local imediatamente porque não podia vender nada dentro dela. Argumentei que não estava vendendo. Eu e o segurança éramos as únicas pessoas negras na loja. Eles treinam os nossos contra a gente”, relatou.

Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, há uma maior consciência sobre o crime do racismo.

“Eu acho que temos dois fenômenos aí. Por um lado, as pessoas estão mais conscientes. Isso significa que pessoas negras estão mais atentas a qualquer ação racista, mas também que a sociedade tem discutido e se policiado mais com expressões e condutas que, há poucos anos, eram naturalizadas. Me parece que temos mais consciência hoje”, afirma.

Samira diz que não descarta a hipótese de que estamos, de fato, diante de um crescimento destes casos.

“Seria coerente com o que tem apontado as estatísticas que tabulamos no Anuário Brasileiro de Segurança Pública . Crimes de ódio têm crescido, com o racismo, o feminicídio e os crimes contra a população LGBTQIA+”.

De acordo com o anuário, o número de homicídios entre a população LGBTQIA+ cresceu 25%, e o de estupros, 21%, em 2020. Também houve aumento de 21% no número agressões: 1.169 registros de lesão corporal em 2020, ante 967 em 2019.

O número de denúncias por discriminação racial recebidas pela Ouvidoria da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania aumentou 86% no primeiro semestre deste ano.

“Aumentou pela divulgação da existência da Comissão Especial, da existência da legislação do Estado de SP, que foi pioneiro de punição para quem pratica preconceito étnico racial. Este ano, 1 a cada 5 dias, a Secretaria recebeu uma denúncia de preconceito racial”, explicou o secretário Fernando José da Costa.

Casos

Até o Papai Noel foi acusado de racismo neste ano. Uma mãe contou que levou os filhos para um passeio no shopping e quando passaram em frente à decoração de Natal foram convidados a tirar uma foto com o Noel.

“O Papai Noel chamou meu filho de seis anos e perguntou o que ele queria ganhar de presente. Aí meu filho falou que queria um hoverboard [skate elétrico]. Aí ele falou assim: ‘mas quanto que o seu pai ganha? Olha, esse presente não condiz com a sua realidade’”, conta Tamiris.

Também em uma loja Zara, mas na de Fortaleza, uma delegada alegou ter sido barrada na entrada da loja. O caso ocorreu quando a delegada Ana Paula Barroso foi impedida de entrar no estabelecimento comercial por um funcionário, sob a alegação de “questões de segurança”.

Depois, o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos, afirmou que a loja Zara usava o código sonoro “Zara zerou” nos alto-falantes internos para indicar aos funcionários quais clientes deveriam ser vistos como “suspeitos em potencial”.

Segundo ele, essas pessoas eram negras e usavam vestimentas simples para entrar no estabelecimento comercial. Em nota, “a Zara negou a existência de um suposto código para discriminar clientes”.

Como denunciar

O primeiro passo para que esse tipo de crime seja punido é que a vítima faça uma denúncia formal.

Se o crime estiver acontecendo na hora, o mais indicado é ligar para o 190 e acionar a Polícia Militar.

Se o crime já aconteceu:

— Procure a autoridade policial mais próxima e registre a ocorrência
— Conte a história com o máximo de detalhes
— Forneça nomes e contatos das testemunhas
— Solicite ao policial para incluir na queixa que deseja que o agressor seja processado

Em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 1, que o crime de injúria racial pode ser equiparado ao de racismo e ser considerado imprescritível, ou seja, passível de punição a qualquer tempo.

De acordo com o Código Penal, injúria racial é a ofensa à dignidade ou ao decoro em que se utiliza palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima. Nesse caso, o crime é individualizado.

O crime de racismo, previsto em lei, é aplicado se a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade — por exemplo: impedir que negros tenham acesso a estabelecimento. O racismo é inafiançável e imprescritível, conforme o artigo 5º da Constituição.

Fonte: Foto: Reprodução/Redes Sociais, Redação O Sul

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