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Durante o primeiro quadrimestre de 2021, o número de internações por Covid-19 em gestantes e puérperas no Rio Grande do Sul superou todo o ano passado. Foram 199 em 2020, enquanto que nos primeiros quatro meses deste ano o número chegou a 323. Em UTIs, as internações foram de 40 para 106, com uma letalidade que passou de 15% para 38% nestes casos. A quantidade total de óbitos maternos passou de cinco para 35. Os dados foram apresentados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) nesta sexta-feira, Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna, em seminário on-line que reuniu especialistas para um debate sobre os cuidados das gestantes e puérperas durante a pandemia.
O maior percentual de óbitos maternos ocorre em pacientes de 35 anos ou mais. 15 (16,6%) das 103 gestantes e puérperas nessa faixa etária morreram. O maior número de internações, contudo, é das mulheres com 20 a 34 anos: 157 do total de 345. O grande volume de internação é no terceiro trimestre de gestação (173 das 345 mulheres) mas o grupo com maior percentual de óbito são as puérperas, que acabaram de dar à luz: 11 pacientes, o que corresponde a 17% das 62 internadas. “Quando a gente analisa, vê que essas mulheres internaram no terceiro trimestre e posteriormente fizeram cesárea, tornaram-se puérperas e, a partir daí, o óbito e o registro. Esse recorte é bem importante para não acharmos que a contaminação foi no puerpério. Quando a gente faz o recorte desse grupo em internações em UTI, é o maior percentual de óbito, chegando a uma letalidade de 50%”, explicou a técnica da saúde da mulher, Maura Balomé.
Entre os óbitos maternos por Covid-19 em 2021, 32% não tinha comorbidades. No ano passado, este percentual era de 25%. A comorbidade mais presente foi a obesidade, presente em 26% das vítimas, seguida de hipertensão (13%). No ano passado, as duas principais comorbidades nas mortes maternas por coronavírus foram obesidade e diabetes, ambas com 17%. Esta última, este ano, caiu para 10%. Considerando a média semanal de 2,2 óbitos por Covid-19 em gestantes e puérperas, o número de mortes maternas no Rio Grande do Sul em 2021 deve ser de 145. Nos últimos dez anos, o maior número foi 94, em 2012.
A professora do departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Évelyn Traina, apresentou dados que mostram como funcionam os parâmetros de controle da doença nas gestantes. A saturação do oxigênio, nessas mulheres, por exemplo, precisa estar em, pelo menos, 95%, acima do que é considerado aceitável na maioria das pessoas com Covid-19. Mas não é só isso que importa. “Não adianta nada estar saturando em 95% com uma frequência respiratória de 40%, porque está num esforço ventilatório muito grande para manter aquela saturação, rapidamente vai fadigar a musculatura e vai ter uma perda respiratória”, ponderou.
Évelyn também defendeu a importância da conscientização sobre o isolamento social e a educação sobre os riscos do coronavírus durante a gestação. O uso de sedativos, por exemplo, passa da mãe para o feto, algo que muitas mulheres não têm conhecimento. “Temos que trabalhar muito na identificação precoce dos casos e na prevenção, e só tem dois jeitos de prevenir: orientação e vacina”, explicou. “É duro ficar em casa, se privar de várias coisas durante a gravidez, mas é bem mais duro a pessoa viver esse momento tão sublime da gestação numa angustia da doença.” A coordenadora da Unidade de Gestação de Alto Risco do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Ivete Canti, também defendeu a necessidade de conscientizar as gestantes sobre cuidados, como uso de máscara inclusive dentro do quarto, e de identificar e fazer o questionário de Covid com todas as pacientes.
Fonte:Correio do Povo